quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ZENILDA GUSMÃO CASOU – UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ




O tema é irresistível e a abordagem impõem-se: Zenilda Gusmão casou. Não fosse o caso de ser filha de Xanana Gusmão, atual PM de Timor-Leste, e seria somente mais um casal de pombinhos que dera o nó. Mas assim não é defacto. A filha de Gusmão, certamente por via de ser filha de quem é, tem dado pelas barbas ao povo timorense, como é de algum modo público e como por lá se diz e é notório.

“Era uma rapariga simples que vivia sempre com algumas dificuldades financeiras, apesar de um pouco melhor que a maioria dos timorenses, e agora, desde que o pai é PM, enriqueceu num ápice – pelo menos dá mostras disso nas exibições públicas.” Comenta a quem é feita a pergunta sobre Zenilda Gusmão e aquilo que dela dizem os timorenses.

Mas é assim tão evidente que esta personagem que ainda há uns poucos de anos era quase uma desconhecida, merece agora que falem dela e sobre o seu enriquecimento “relâmpago”? O que estará na base de tudo isto?

Dizem portugueses cooperantes ao serviço da ONU em Díli, e que conheceram “a miúda do Xanana”, que ela era uma “tesa” e até uma “crava”, que andava sempre na “pendura”, porque não tinha dinheiro para restaurantes, para discotecas, para se divertir. “Era quase como uma “mascote” para nós. Havia sempre alguém que lhe pagava o que consumia”, afirmam ao recordar os anos de 2002 e até cerca de 2007. E não é só um ou dois cooperantes que estiveram em Timor-Leste que o afirmam. “A miúda era simpática, simples, mas era uma “tesa”, não tinha nada.” É o consenso descritivo dos inquiridos.

Sendo assim, com toda a legitimidade, pergunta-se: Como é possível Zenilda Gusmão ter uma vida de fausto a partir do momento em que o pai Gusmão ascende a PM? Como enriqueceu Zenilda Gusmão? Enriqueceu por obra e graça do Espírito Santo? É realmente rica como dizem e ela demonstra?

O NEGÓCIO DO ARROZ “MAL COZINHADO” 

Timorenses melhor informados também recordam que Zenilda Gusmão começou a “ter posses depois de Xanana Gusmão passar a exercer o cargo de primeiro-ministro. Principalmente a partir do momento em que o pai cometeu a irregularidade mais que conhecida de a introduzir no negócio do arroz.” Referem-se concretamente a “negócios de empresas criadas a propósito para comercializarem arroz que o Estado Timorense adquiria posteriormente para regular e dar acesso do alimento à população, algo do género. Ora Zenilda surge como sócia de uma empresa por formas que redundam ilegais – uma vez que o pai, na qualidade de PM, não podia legalmente entregar o negócio àquela empresa devido ao facto de ter lá uma familiar na estrutura principal.” Saliente-se que esses “negócios do arroz” já eram apontados como “falcatruas” apadrinhadas pelo PM Gusmão antes de serem despoletadas as acusações (comprovadas) de conluio com a empresa de Zenilda. Na época já haviam “nebulosos propósitos” e procedimentos em que amigos do PM Gusmão “eram beneficiados, uns até criaram uma empresa chamada Três Amigos, que praticamente, durante algum tempo, tiveram o monopólio da comercialização do arroz que depois o governo lhes comprava. A ponto de Xanana Gusmão sentir necessidade de ir desmentir à TVTL que estivesse a fazer “falcatruas” com esses negócios de arroz "mal cozinhado".

A “JUSTIÇA” TIMORENSE

Como sempre acontece em Timor-Leste, a justiça, o Poder Judicial, nunca atua nestes casos. Quando atua tudo cai no esquecimento dos inquéritos ou afirma descaradamente que nada de irregular detetou. Saliente-se a subserviência do Poder Judicial ao poder de Xanana Gusmão, de Ramos Horta, de empresários próximos daqueles - os tais que antes “quase nada tinham de seu”. Ainda hoje está por ser tirado da gaveta as conclusões às ilegalidades cometidas pelos responsáveis da libertação total e rocambolesca de Martenus Bere, referenciado por crimes contra a humanidade pelas Nações Unidas. Ilegalidades em que Xanana Gusmão (PM), Ramos Horta (PR), Lúcia Lobato (Ministra da Justiça), Comando da PNTL e outros estiveram envolvidos. A esse propósito o presidente do Conselho Superior de Magistratura Judicial e do Tribunal de Recurso de Timor-Leste anunciou ter ordenado averiguações ao "caso Bere" e, "a verificar-se que houve libertação ilegal, desencadeará a acção penal e disciplinar correspondente". Esse tal presidente da “justiça-mor”, Cláudio Ximenes, assim declarou nos primeiros dias de Setembro de 2009. As conclusões a que chegou, a que o órgão máximo da “justiça” timorense chegou estão por conhecer. Aqui ficou a prova, se dúvidas existissem, de que a justiça timorense comporta-se à maneira dos animais amestrados de um circo e nada mais que isso. Julga e condena timorenses de baixo estrato social enquanto oferece a impunidade aos do poder político-governamental e aos seus aliados no empresariado. Isto para não referir práticas denunciadas de crimes de eclesiásticos que a própria PGR tem medo de proceder em conformidade com as determinações da lei.

É por tudo isso que podemos considerar inútil as denuncias de práticas ilegais dos que detém os poderes em Timor-Leste. A corrupção é rainha e senhora naquele país, o conluio é descarado, do nepotismo nem se fala por ser tão doentio. A exibição de riqueza obtida por “mistérios” é prática quotidiana. Atualmente já existe uma elite poderosa que se construiu ao abrigo de Gusmão e de Horta, entre outros. Os sonhos de justiça, democracia, liberdade, estado de direito, etc. foram só isso mesmo: sonhos. A realidade é dolorosa e agora já não existe modo de retornar ao passado e começar de novo, com justiça. País sem justiça, ou com uma “justiça” como aquela que existe em Timor-Leste, não é país realmente democrático. A Democracia é incompatível com a violência, a injustiça, a corrupção, a fome… Tudo isso é aquilo que existe demasiado em Timor-Leste.

O CASAMENTO DA “MIÚDA DO XANANA”

Não esquecendo a razão da prosa, o casamento faustoso de Zenilda Gusmão, será útil recorrer ao Timor Hau Nian Doben, blogue timorense, que anuncia o casório, autoria de Zizi Timor Oan,  e mostra muitas fotografias sobre “o luxo asiático” em que decorreu, vertendo toda a sua indignação por aquilo que considera o casamento da “… PRINCESA DO ARROZ FRAUDULENTO – ZENILDA GUSMÃO”, apesar da miséria em que muitissimos timorenses mal sobrevivem.

Curiosamente, ou talvez não, Zenilda Gusmão passou de “Miúda do Xanana”, termo carinhoso, a vários epítetos demonstrativos do asco que suscita, um deles é “Princesa do Arroz”. Tudo tem que ver com aquilo que os timorenses vêem em Zenilda, uma oportunista e alguém que fica indiferente às realidades do país e aos erros e crimes que são apontados à “nata” da elite timorense de que ela demonstra fazer parte. O casamento de Zenilda, segundo afirmam e é credível pelo demonstrado, valeu um despesa de trezentos mil dólares… Quem ofereceu aquela boda aos “distintos” presentes foi Zenilda? Foi Xanana? Foi o Xá da Pérsia? A "dádiva" é pertença dos timorenses esfomeados? Como sempre, tudo fica pela penumbra. À vista temos a fome e a miséria em Timor-Leste.

Se na verdade os timorenses têm razão (e devem de ter) ao dizerem que enquanto eram esbanjados recursos escandalosamente excessivos na boda por entre os corruptos amigos e familiares do poder, logo ali ao lado e não muito longe, ou no interior montanhoso do país, a miséria perdura e a fome é facto, é ameaça e companheira no quotidiano, quem põe cobro a isto e a outros acontecimentos similares que denunciam capacidades financeiras imensas e que dificilmente terão sido conseguidas honestamente? 

Xanana Gusmão… e Ramos Horta, os ditos “pais da nação”, mostram que nem maus padrastos sabem ser. A fome para os timorenses, a vergonha para eles – ao menos recomendada aqui nesta prosa. Este casamento, a boda, o que o rodeia e antecede, pode ser só mais uma mostra de podridão a que alguns (muitos) da elite timorense se aliaram. Outras mostras já se viram, outras haverá.

Depois desta aceitação e vivência com as injustiças da realidade timorense – implícita no fausto do casamento -  nem fará sentido desejar felicidades aos noivos, o que é lamentável, porque um casamento deveria ser sempre pautado pela transparência, pela dignidade, pela solidariedade, pela honestidade, pela paz e pelo amor. Assim, pelo visto, de certeza que não é o caso.

Zenilda Gusmão casou-se e mostrou os poderes adquiridos… Uma desgraça nunca vem só. O império da família Gusmão será alargado, a exemplo de Eduardo dos Santos ou de Obiang, esse bandido dono da Guiné-Equatiorial.

*Original em PÁGINA GLOBAL, publicação onde o autor colabora

2 comentários:

Anónimo disse...

Outra vez? Mas ainda não perceberam que, nos países em desenvolvimento, quando um investido quer abrir um negocio, tem sempre que dar ilegitimamente os 10% ou mais a um membro das famílias poderosas lá do sítio? E quando é o membro do Governo a querer por a mão na massa, para não aparecer, manda para a frente a mulher ou um dos filhos? Por isso é que a namorada daquele ministro foi apanhada com milhões de dolares no aeroporto. Timor, Angola são os exemplos mais gritantes.

Anónimo disse...

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