quarta-feira, 2 de julho de 2008

ATÉ QUE UM DIA SE FAÇA JUSTIÇA E O SOL VOLTE A BRILHAR

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Apesar do aparente estado de calma em que Timor-Leste parece viver há quem diga que forças ocultas se preparam para mais uma saga de ataques à democracia e seus suportes naturais e imprescindiveis, sendo a Presidência da República, a justiça, as forças de segurança, assim como o próprio parlamentarismo os próximos visados.
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Os rumores são o que são e valem o que valem, umas vezes valem muito e outras só servem para baralhar. Mas, aprendi eu, não devemos desconsiderar os rumores timorenses. Quase sempre contêm algo que corresponde à realidade.
Sem suportes que me auxiliem a ser exacto nos pormenores escreverei de cor e despretensiosamente sobre o que está a acontecer naquele país e que para as mentalidades ocidentais, democráticas e civilizadas, é considerado muito estranho.
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PODEM SAIR QUE EU PERDOO-VOS
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O presidente José Ramos Horta deu uma ampla e generosa amnistia a imensos indivíduos condenados pelos tribunais pela prática de acções terríveis durante o ano de 1999. Eram milícias que chacinaram a torto e a direito pobres e indefesos timorenses. Criminosos que agora estão em liberdade.
Esta atitude não lembraria nem ao diabo quanto mais a um individuo de religiosidade exacerbada como Ramos Horta.
Se, eventualmente, Ramos Horta queria encontrar justificação para libertar Rogério Lobato podia muito bem resolver o assunto de outro modo e não como fez: libertar quase tudo e todos até conseguir chegar à vez de Lobato. Quando afinal o presidente, só tinha de tomar uma posição perante o escândalo de amnistiar completamente o ex-ministro da Fretilin: ser frontal e directo com Xanana Gusmão e os seus pares, que são os opositores da libertação deste ex-ministro.
Ramos Horta devia afirmar-lhes categoricamente que se Rogério Lobato merecia estar na prisão de Becora também ele, Xanana, merecia. Assim como muitos dos seus cúmplices e homens de mão.
Isso estaria certíssimo, era a vontade e opinião do PR baseada na verdade de factos sobejamente afirmados e constatados, mas nunca dilatar os "perdões" a assassinos pró-indonésios em 1999.
Não se trata de concordar ou discordar da amnistia a Rogério Lobato.
Aquilo que se pode desde já depreender é que muitos são de opinião que Xanana Gusmão, a exemplo de Rogério, também devia ter sido julgado e provavelmente estar na prisão, para agora ser amnistiado como Rogério. Xanana e muitos dos que participaram no golpe de Estado, nas chacinas de 2006 e 2007, nas queimas, nas violências organizadas pelos apoiantes de Lasama e Xanana, sendo estes os autores morais de muito o que de mau aconteceu durante a "crise".
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ATÉ QUE UM DIA SE FAÇA JUSTIÇA
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Todos os dias assistimos ao grande silêncio imposto sobre os acontecimentos de 11 de Fevereiro e ao assassinato de Alfredo Reinado e tentativa de assassinato do Presidente da República, Ramos Horta.
A teatralização do atentado ao primeiro-ministro foi evidente e nele só crêem aqueles que ainda se mantêm enganados acerca do personagem Xanana Gusmão, poucos.
A chamada de investigadores amigos, da Austrália e dos USA, que Lasama fez demonstrou imediatamente a vontade de ser conseguida uma "lavagem" dos acontecimentos. Cinco meses volvidos as conclusões pendem para que os golpistas de 2006 estão envolvidos no golpe de 11 de Fevereiro e que se em 2006 tiveram o apoio da Austrália e dos USA, naturalmente que também o tiveram em 11 de Fevereiro passado.
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Falta apurar muito sobre a verdade das implicações de altas individualidades timorenses, as mesmas que impossibilitaram que uma investigação independente fosse realizada, apesar de tal medida ter sido aprovada e recomendada pelo Parlamento.
Falta apurar porque as forças da ONU se comportaram tão ineficientemente, como é afirmado por muitos e também por familiares e amigos do presidente Horta.
Quem da ONU também esperava que Ramos Horta desse o último suspiro frente ao portão de sua casa? Porque se apressou a equipa de Kahre a divulgar um relatório "manhoso" tão rapidamente sem demais consequências? Quem da ONU, em Timor, estará ao exclusivo serviço dos interesses australianos e norte-americanos?
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Perguntar não ofende. Muitas das vezes o que parece é. Só faltam algumas certezas. Sabemos que Atul Kahre é uma figura não desejada em Timor-Leste, essa é uma grande certeza.
Igualmente certo é que o silêncio sobre o 11 de Fevereiro é impressionante. Certo é que os mentores continuam em liberdade e a governarem-se. Certo é que Ramos Horta tem muitas razões para estar temeroso. Certo é que os golpistas governam.
Exactamente por via de tantas certezas é que também é certo que há sempre quem pugne pela verdade e pela justiça e não deixe cair no esquecimento a podridão imposta por Xanana Gusmão e cúmplices... até que um dia se faça justiça e que o sol brilhe para todos os timorenses comprovadamente patriotas, honestos.
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1 comentário:

Anónimo disse...

…ATÉ QUE UM DIA SE FAÇA JUSTIÇA E QUE O SOL BRILHE PARA TODOS OS TIMORENSES COMPROVADAMENTE PATRIOTAS, HONESTOS.


Eu queria pegar nas últimas palavras do texto do António Veríssimo para fazer algumas considerações sobre o valor dessas palavras e o que elas na realidade querem dizer.
Considera o António que um dia que se faça Justiça em Timor, será um dia em que o sol brilhará para todos os Timorenses. Eu estou cem por cento de acordo com ele. Eu até diria MAIS que o sol brilharia para todo o Timor.
Os antigos moradores que faziam os trabalhos de correio, estafetas e polícias da Administração Portuguesa teriam, senão alvíssaras pelos seus trabalho que fazia rodar essa mesma Administração, pelo menos o reconhecimento geral da sua “antiga” utilidade pública. Também o povo que arranjava as estradas, sem remuneração, seriam pelo menos agraciados com o título de “voluntários colaboradores”, os responsáveis (Portugueses) pela criação do Partido da Apodeti teriam os seus nomes em letras gordas na História da Humanidade, assim como os doadores de 50 contos para a formação dos partidos Timorenses, e principalmente os que ABANDONARAM.
Timor vem já do passado, com um “deficit” de Justiça que é necessário reconhecer, e que de alguma maneira, se reflecte em tudo que se passa hoje, no Timor moderno democrático e Independente.
Grita-se hoje por justiça por tudo o que é passado recente, e quando eu digo recente, pois refiro-me aliás como o Antóni, ao passado em que o Xanana por imperativos de algo que passa ao lado de alguns, tomou em mãos a tarefa de “LIBERTAR O POVO” depois de a PÁTRIA TER SIDO LIBERTADA”.
Esquecido por motivos óbvios, fica tudo o que é passado mais antigo, quando em nome de ismos, que por serem isso mesmo, se matou e estripou o povo e se pretendeu esconder esse feito com mentiras, postas a circular, até ao nível Internacional, pois segundo alguns iluminados a “mentira revolucionária não é mentira”.
Para tudo isso é necessária a Justiça! Ela deverá ser feita.
Quanto à compreensão que eu tenho de patriota é por vezes, por motivo da propaganda feita, baralhada na minha mente, apesar de eu saber muito bem o que o subjectivismo do termo acarreta.
Patriota, é, para reavivar a memória de alguns, uma “Pessoa que serve a sua pátria e que por ela se sacrifica”. Serve ou Serviu, depende do tempo da acção, e é condição, segundo a própria definição do termo, para ter direito a esse nome.
Muitos hoje, vestem a pele de patriotas, só porque, desenvolveram actividades no sentido de glorificarem os seus partidos, confundindo a definição em democracia, com a ideia de que um partido é a Nação, e que existem democracias de um só partido. Esses são os patriotas a quem eu chamo de PARTIOTAS.
É com aquela HONESTIDADE que apela o António Veríssimo no fim do seu texto que é necessário compreender e analisar todo o seu escrito.

SAKUNAR SACANA