FILME-DOCUMENTÁRIO REVELA A NOVIDADE QUE NÃO É
Tanto quanto anda a ser divulgado a ABC australiana está a ser mostrada como veículo do golpe de estado de 2006 em Timor-Leste. A ABC, com o programa Four Corners é agora mostrada como agente aliado de Xanana Gusmão como se fosse uma novidade, que não é.
Dêem as voltas que quiserem sobre o assunto e o ocorrido, pesquisem em vários sites da internet, que logo encontrarão estas revelações e quanto os condimentos para o golpe de estado foram de responsabilidade de um trabalho aparentemente jornalístico mas que tudo teve a ver com encomenda da secreta australiana em sintonia com a CIA. Agentes no terreno foram bastantes, como os operacionais Railos e Alfredo Reinado*, entre outros, mas devemos nunca esquecer a missão preponderante da “embaixadora” Kirsty Sword Gusmão nas declarações de um guião de complot que se apressava a prestar aos órgãos de comunicação australianos, bem como, junto a seu marido, Xanana Gusmão, então presidente de TL, em comícios incendiários imprescindíveis para pôr Timor-Leste a ferro e fogo. O resultado ficou à vista com as dezenas de timorenses assassinados, um brasileiro igualmente assassinado, outros estrangeiros gravemente feridos, centenas de timorenses feridos com maior ou menor gravidade. Milhares de habitações foram incendiadas e completamente destruídas, assim como edifícios de atividades e interesse público. Daí resultaram quase 200 mil refugiados-deslocados.
Os bispos e padres da igreja timorense não estão isentos da cumplicidade no golpe de estado, antes pelo contrário. As mentalidades tacanhas de padres e bispos, a gula que sempre demonstraram e que visa fazerem da sua igreja uma igreja rica e impune, a vários níveis de responsabilidades condenáveis, também pesam nas dezenas de timorenses assassinados nesse período e em muita da destruição. Padre houve que sequestrou portugueses, torturou e ainda hoje continua impune, como muitos outros criminosos da sociedade civil.
Desse golpe de estado emergiu um Gusmão sem máscara, egoísta, aguerrido e insensível – um criminoso de patente autoria moral - que em conluio com elementos de sua confiança teceu a trama que levaria Mari Alkatiri, então primeiro-ministro, a retirar-se da governação dizendo que preferia demitir-se a continuar a assistir a um banho de sangue, como foi profusamente citado na comunicação social.
Em contrapartida, após a demissão do PM Mari Alkatiri, após a consumação mais que evidente do golpe de estado Gusmão dizia num comício: "Falhámos em garantir a vossa estabilidade, mas com a vossa esperteza ganhámos esta guerra", afirmou Xanana Gusmão, perante o entusiasmo dos manifestantes, que exigem a demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri. A Agência Lusa assim reportou.
Se esta é a novidade, a revelação, que este filme trás, vem tarde. O que não significa que não seja útil para que os mais distraídos adquiram conhecimento e sabedoria que olhem Alexandre Gusmão com os olhos com que deve ser visto: um timorense guerrilheiro que por isso mereceu toda a consideração mas um verdadeiro traidor da luta dele próprio, dos seus ideais e dos ideais e esperanças do povo timorense. Tal patriota, pelos anos imensos de luta e de cárcere, que culminaram com a independência-relativa do país, merece-nos toda a consideração – assim como na mesma proporção nos merece toda a condenação e desprezo pelos prejuízos e mortandade que trouxe ao país a partir da arquitetura e concretização do golpe de estado de 2006.
Mas eis que surge na atualidade um filme-documentário que relembra a história e nos mostra entre-linhas, ou entre frames, parte da verdade que nem é novidade. Não é e muito mais virá a ser novamente revelado em consonância com a verdade histórica daquele péssimo período de Timor-Leste que abriu as portas a vários golpismos, assassinatos, roubos e corrupções como não havia memória. Tudo isso tem uma cara e um nome por responsável-mor: Xanana Gusmão.
*O major Alfredo Reinado passou mais tarde a dissidente das diretrizes de Xanana Gusmão e publicamente, em vídeo, ameaçou revelar toda a verdade sobre o golpe de estado e as responsabilidades inerentes a Gusmão. "Se eu fôr condenado e preso, Xanana Gusmão será muito mais". Alfredo Reinado foi executado em casa do PR Ramos Horta em 11 de Fevereiro de 2008, local para onde foi atraído numa cilada que a Justiça timorense teve o cuidado de não apurar devidamente, nem o Tribunal de Díli se interessou por apurar sobre os flagrantes indicios de execução que constava nas autopsias, do major e do seu fiel acompanhante, Leopoldino Exposto.
*O major Alfredo Reinado passou mais tarde a dissidente das diretrizes de Xanana Gusmão e publicamente, em vídeo, ameaçou revelar toda a verdade sobre o golpe de estado e as responsabilidades inerentes a Gusmão. "Se eu fôr condenado e preso, Xanana Gusmão será muito mais". Alfredo Reinado foi executado em casa do PR Ramos Horta em 11 de Fevereiro de 2008, local para onde foi atraído numa cilada que a Justiça timorense teve o cuidado de não apurar devidamente, nem o Tribunal de Díli se interessou por apurar sobre os flagrantes indicios de execução que constava nas autopsias, do major e do seu fiel acompanhante, Leopoldino Exposto.
Programa Four Corners da ABC australiana
acusado de apressar a queda de Mari Alkatiri, em Timor-Leste, em 2006
BEATRIZ WAGNER - SBS - tem audio no original
Um novo documentário australiano, Breaking the News, que vai estrear em Sydney nas próximas semanas, acusa o programa Four Corners, da TV ABC, de ter produzido uma reportagem em 2006 que levou à renúncia do então primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri.
O cineasta Nicholas Hansen, de Melbourne, levou quatro anos investigando e montando o documentário, que levanta questões sobre a reportagem da ABC "Stoking the Fires" que recebeu o prêmio Walkley de Ouro, o prêmio mais importante de jornalismo na Austrália., em 2007.
O recente documentário examina as relações entre jornalistas locais, no caso os jornalistas José Belo e Rosa Garcia, e jornalistas estrangeiros, e examina a reportagem do Four Courners.
Segundo o jornal Sydney Morning Herald. o cineasta disse que o programa da ABC aceitou a palavra de uma testemunha não-confiável, o então comandante de uma milícia, Rai Los.
Para Nicholas Hansen, o programa apresentou um quadro equivocado do alegado envolvimento do governo da Fretilin em armar milícias civis, um tema que nunca foi totalmente esclarecido.
*Original em PÁGINA GLOBAL
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