sábado, 31 de dezembro de 2011

NATAL DOS VERTEBRADOS QUE NÃO PERDEM A VOZ




Bom Natal aos que sabem o que isso é!

Os inimigos colocam
pedras no meu caminho.
Os que se dizem amigos
estendem-me a mão
quando nelas tropeço.
Os verdadeiros amigos
retiram as pedras
antes de eu passar.
Tenho tropeçado em muitas.
Mas acredito que se não fossem
os verdadeiros amigos
(dois ou três)
tropeçaria muitas,
mas muitas, mais vezes.
Aos inimigos
(porque sem eles
eu não saberia
quem são os amigos),
aos que se dizem amigos
(porque lá vão
estendendo a mão,
às vezes com visível custo)
e aos verdadeiros amigos
(porque, apesar de poucos,
são preciosos)
desejo em bom Natal
(na proporção
que cada um deles merece).

--
Orlando Castro
Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
http://www.altohama.blogspot.com
http://www.artoliterama.blogspot.com

DOBRADINHA DE NATAL

Atrevo-me a fazer uma dobradinha junto com este poema de Orlando Castro, que se não nasceu para jornalista, escritor e poeta, então devo concluir que não percebo nada da vida. A sua qualidade é conhecida e a sua noção de profissionalismo, humanismo e de justiça também. Por prémio tocou-lhe, como a tantos outros da mesma espécie, o desemprego. Quem o manda ser vertebrado e caminhar na vertical?

Não que me tenha dito mas imagino, com certeza na verdade, que com a sua idade está velho para arranjar emprego e muito novo para se reformar. E assim, neste país, estes implementadores de regras bacocas e demasiado idiotas, os políticos e empresários de um modernismo “déjá vu” rumo ao esclavagismo, também donos da verdade das notícias e dos escribas que as escrevem ou as dizem, tudo fazem por que a sociedade perca os seus maiores valores em jornalismo e em muitas outras profissões – na ciência, artitetura, etc. - preferindo mentecaptos domados, semelhantes a vermes, invertebrados, usando a viscosidade contagiante de políticos que os compram ou que os tornam temerosos…

Interrompo. Pondero… que provavelmente não devia escrever isto, assim, aqui, nem agora por esta quadra. Se calhar nem nunca. Mas a minha teimosia prevalece e faço questão de que seja encontrado nestas palavras os louvores para aqueles que os merecem e os sinos, as campainhas e os alarmes possíveis, para os que caminham na senda do obscurantismo anexo à censura “democrática”, à manipulação e alienação que percebemos campear cada vez mais na comunicação social de Portugal e do mundo.

Neste Natal, então, acabo por deixar aqui louvores e campainhas de alarme. Para os já há muito tempo invertebrados faço a doação de umas folhas de couve rascas, que é aquilo que merecem.

Que a força invada e ilumine os com valor, com razão, mas injustiçados.

Muito obrigado Orlandos deste mundo!

- António Veríssimo (também um Orlando deste mundo, menor e mais velho)

* Publicado em Página Global, blogue onde AV colabora. Singela homenagem a um grande homem, Orlando Castro - daqueles que o “sistema” deita fora para implementar a alienação, a incompetência e a mediocridade.

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