quinta-feira, 1 de maio de 2008

Timor-Leste: O CIRCO CONTINUA

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A PAZ PODE SER INTERROMPIDA DENTRO DE MOMENTOS

O filho do Presidente José Ramos Horta fez declarações à Lusa que punham em causa o défice disciplinar e de balbúrdia de competências entre patentes, polícias, militares e as várias “armas” militares. Deu para entender que a hierarquia em Timor-Leste, assim como os seus desempenhos, são um enorme “circo”.

Alfredo Ximenes já aqui “descascou” um pouco daquilo que se passa em Timor-Leste relativamente a este tema*. Convido-vos a depois o lerem, pois por mim não me dispus a vir ao blogue para proceder a “descasques” das anarquizadas forças de segurança timorenses por formas técnicas e disciplinares que nunca gostei quando andei na tropa, no exército colonial português. Só não furava os esquemas se não fosse de todo possível. Era um dos milhares de pauzinhos na engrenagem do regime salazarista. Julgo que fomos minimamente úteis.

Pois, mas aqui, sobre Timor não se trata disso, trata-se de construir e não de deitar a baixo. A não ser que essa seja a oculta intenção dos polícias e dos militares timorenses, deitar a baixo e impossibilitar a construção da Nação timorense. Essa parte não me agrada nada, assim como a todos que vivem com mais ou menos intensidade as evoluções e involuções de Timor-Leste. Muito menos agradará aos timorenses conscientes.

Ainda há dias escrevi sobre o modo de agir dos timorenses garanto-vos que me senti orgulhoso pela forma como a “halibur” decorreu na generalidade. Isto pela parte dos elementos da PNTL e FDTL, evidentemente.
Pelos políticos, por Longuinhos e Xanana, continuo na mesma: eles estão enterrados até ao pescoço em algo que não é para saber nem para contar – o que ira dar origem a que a história de Timor passe a ser mal contada para as gerações vindouras.

Mas também não vim ao blogue por isto. Avancemos.
Estive a ler a prosa de Orlando Castro, do ALTO HAMA, que aqui também está publicada mais em baixo.
Pois é, estou como ele: deslumbrado com tantas e boas receções (vou passar a abolir as letras que não se pronunciam, se me lembrar) aos criminosos que só por milagre não assassinaram Ramos Horta. Mas que espetáculo!
Em Timor ser fora da lei é o que está a dar. Depois da prática de várias peripécias ilegais espera-nos um primeiro-ministro com uma enorme comitiva, muitos chazinhos, cafés e bolinhos. Abraços e palmadinhas afetuosas também são em grande profusão. Uma verdadeira maravilha!

Evidentemente que para o líder Salsinha tudo devia ser muito mais importante. Chá e bolinhos seriam muito pouco.
O “circo”, o tal “circo” de que Loro Horta fala, foi montado no Palácio do Governo e a cerimónia da “rendição” dos “rebeldes” teve a solenidade que qualquer fora da lei deste mundo e dos outros gostaria mas que só em Timor é possível. Estranhamente, Ramos Horta alinhou nas artes circenses propostas e levadas à prática por imensos palhaços e contorcionistas.
Compreende-se ou não se compreende que nos deslumbremos?

Mas - há sempre um “mas” nestas coisas únicas - a festa de expressões comemorativos aconteceu nas instalações do Comando Conjunto, com altas patentes e tudo. Foi a festa da rendição dos Salsinhas, com jantar comemorativo, muita cerveja e karaoke.
Aquilo que se pergunta é: como querem todos estes senhores merecer credibilidade com tão estranhas e muitíssimo incompreensíveis atitudes?
Comemorar com criminosos?
Exige-se que não os hostilizem, não os brutalizem… Mas comemorar com eles? Porquê?
Porque tentaram assassinar o PR e só por milagre não conseguiram? Por terem sido uma ameaça à estabilidade durante dois anos?
Então e agora quem nos livra de pensarmos que são todos cúmplices de qualquer trama? Qua a “operação halibur” foi somente teatro? Mais uma das habituais encenações?
Não poderá Salsinha e mais uns quantos ter traído Reinado, contribuindo para a emboscada que originou a sua morte?
Sabemos que para Xanana, o atentado foi uma “atentona-da-tanga”, segundo disse Salsinha logo nas primeiras horas após o acontecimento - “Se o quisesse matar matava-o.”
Que nos falta saber mais?
Cá para mim falta-nos saber tudo… Mas cheira-me que vamos sabê-lo… nunca, jamais…
O circo continua, para mal dos timorenses. A paz que agora se vive pode ser interrompida em qualquer momento. Triste.
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* Refiro-me ao TIMOR LOROSAE NAÇÃO, onde este texto também é publicado

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