terça-feira, 17 de junho de 2008

ACORDAI!

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Evidentemente que quem envereda por se expor está a partir desse momento a habilitar-se a sofrer críticas. É natural. Não importa se são construtivas ou destrutivas, importa que são críticas que reflectem pontos de vista de quem reage à nossa opinião ou comportamento, seja onde for.

Pode ser no cinema, rádio, televisão, política, jornais, etc. Coisa pública é assim e pior ainda quando se dá a cara, porque nos toca directamente. É normal. Nesta coisa dos blogues também é assim e se houver quem diga que não é saudável ficarei muito espantado.
Após as críticas a que se sujeita quem se expõe podemos fazer duas de muitas coisas: responder ou não responder e fazer que ignoramos. Claro que ainda podemos nem sequer tomar delas conhecimento, bastando para isso, neste caso, no caso dos blogues, não as ler e pura e simplesmente atirá-las para o lixo electrónico se chegarem por mail, ou não ler os comentários de for o caso.
Cá por mim as críticas são para tomar em consideração, exceptuando as que vêm recheadas de palavras imprópria para consumo saudável.

Sei, porque sei, que no caso daquilo que está inserido no Timor Lorosae Nação, nos comentários, as críticas são provenientes, na maior parte dos casos de gente jovem, mas também de meia-idade, algumas até de organismos estatais de TL, vulgo funcionários públicos… ou lá próximo. Só por esse facto, pela falta de conhecimentos, pela falta de vivências, predisponho-me sempre a ser complacente e didáctico tanto quanto posso e sei, sem saber se realmente o consigo.
Sobre Timor-Leste, no Timor Lorosae Nação, principalmente, tenho procurado fazer sentir com toda a honestidade os meus receios relativamente à situação política do país e se algumas vezes exagero faço-o conscientemente, considerando esse exagero como se fosse um safanão que temos de dar a quem é mais dorminhoco e não quer acordar.
Evidentemente que me podem mandar bugiar – que é aquilo que alguns fazem – e dizer-me que não tenho nada de lhes interromper o sono. Tudo bem. Mas isso não invalida que de vez em quando até indirectamente o safanão lhes toque.
Ensinou-me a vida que há os que acordam e aqueles que preferem viver na sonolência para não perderem lugar no colchão. Nem sabem eles que o melhor é estarmos despertos. Esse é um dos principais estádios do ser humano livre e é aquilo que nos diferencia de toda a outra bicharada.
Mas há quem não pense assim e eu vou ter de respeitar. Eu quero respeitar. Eu consigo respeitar. Eu sei respeitar.
O simples facto de muitas das pessoas que me criticam serem timorenses e às vezes parecerem estar zangadas comigo incomoda-me, desconforta-me. Como me desconforta ter sabido desde sempre que houve timorenses que traíram os irmãos antes e depois da ocupação indonésia, tendo-o feito voluntariamente e a cobrar benefícios. É que eu nem conseguia imaginar timorenses a trair os seus próprios irmãos, tal como o fizeram certos portugueses durante a ocupação espanhola ou durante as invasões francesas, nada disso.
Evidentemente que nesse aspecto era eu que estava a dormir e tive de acordar para a realidade dolorosa.
Timorense, para mim, até determinada altura, era algo de puro, de transcendente, por ter sido aquilo que vi e senti nos anos em que acordava e adormecia com timorenses à minha volta, com eles todo o dia vivia. E se vivia!
Mas está bem (mal), pronto, no melhor pano cai a nódoa… e em Timor também passou a existir traidores.
Afinal, tal qual as baratas, há por todo o lado e na maior parte das vezes nem os vimos.

Exactamente porque agora (e de há tempos para cá) já admito a existência de traidores de origem timorense é que imponho a mim próprio muitas cautelas nas análises que faço e nas pesquisas que me podem ou não pôr de sobreaviso sobre certas pessoas e situações.
Não me importam sobremaneira as pessoas do povo que possam ou não trair um amigo, um vizinho, apesar de as reprovar seriamente. Aquilo que me importa é os traidores da elite. Os que detêm as rédeas do Poder Militar e Político, os que se esforçam denodadamente por segurarem também as rédeas do Poder Judicial. São esses que me importam e me preocupam bastante.
É contra esses que estou… e não me importa de que partidos políticos sejam ou venham a ser. Esses são os verdadeiros inimigos dos timorenses, os verdadeiros inimigos de Timor-Leste!

Evidentemente que quando se fala e se comprovam “negociatas” de cedências de terrenos que abrangem áreas enormes de um país tão pequeno, quando se fala em processos contratuais de muitas dezenas de anos ou até uma centena ou mais…
Quando se fala de deixar para outros os controles de regulação da exploração do Mar de Timor…
Quando não se fala, nem quase nada se faz, para resolver os problemas dos desalojados, da Lei da Terra e das Propriedades…
Quando se fala em despender quase dois milhões de dólares americanos em viaturas para deputados e nem um milhão se despende para construção de casas…
Quando se abraçam impavidamente generais torcionários de centenas de milhares de timorenses ou se vai ao funeral de um ditador - principal responsável por essas centenas de milhares, quando podem para o efeito da manutenção de boas relações diplomáticas enviar um Secretário de Estado…
Quando se nomeiam mulheres e familiares de ministros e detentores de outros cargos de Estado para negócios que por vezes envolvem milhões de dólares…
Quando a “vox populi” e a oposição falam em corrupção acentuada e a reacção é a esfarrapada frase “os rumores em Timor…” em busca do esvaziamento dos “zunzuns” e/ou do que é apontado como indícios…
Quando se prometeu roupas, calçado, computadores nas escolas… mas as crianças continuam esfarrapadas, mal vestidas, descalças, sem frequentar as aulas pedindo e vagueando pelas ruas…
Quando essas mesmas crianças apedrejam a viatura do primeiro-ministro e lhe chamam traidor e ainda isso pincham nas paredes…
Mas, afinal, quem não quer um safanão e acordar deste pesadelo?

Certo e sabido é que mais uma vez virão para os comentários dizer que esta é uma operação Fretilin, patati-patatá…
Ora, meus caros, eu quero que a Fretilin, e todos os partidos que não respeitem as regras democráticas vão prá… (isso)!
Quem poderia acusar de traição os que não agissem como mais acima reza e me parece ser incontestável?
Se, na realidade, conforme o prometido, as prioridades fossem para a reconstrução de casas e realojamento das pessoas…
Se as crianças andassem TODAS a frequentar o ensino OBRIGATÓRIO e não a vadiar, a esmolar… (é que andando uma na rua nessas circunstâncias em horário escolar já é demais).
Se os negócios e medidas anunciadas para esses negócios não existissem e em vez disso se notasse uma forte aposta no desenvolvimento das pescas, da indústria, da agricultura dirigida para produtos necessários às populações de forma a fomentar a auto-sustentabilidade…
Assim, quem poderia chamar-lhes traidores?
Assim, quem poderia reprovar as decisões e as medidas postas em prática?
Não seria assim que não se deixaria lugar a dúvidas de que o “regime” anterior não prestava ou pelo menos que este governo era melhor?

Seria, seria, mas não é aquilo que infelizmente acontece, antes pelo contrário. Como tal, porque tudo se está a desenhar para um apressado e violento saque das riquezas do país, pertencentes ao seu povo e para ele disso beneficiar desde JÁ, porque os traidores e criminosos saqueadores sabem muito bem aquilo que estão a fazer e tementes requerem com veemência que militares estrangeiros os protejam…

Acordem, aproveitem os safanões e procurem alternativas que devolvam o seu a seu dono, aos timorenses, porque os saqueadores já roubaram demais até este momento. Já assim o estão a fazer desde o princípio deste século, antes da proclamação da independência reconhecida pela comunidade internacional!
Chega! ACORDAI!
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3 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Verissimo:

Ao ler o seu texto, aliás muito bem "esgalhado", lembrei-me de um comentário meu que como o seu também fala de "O SEU A SEU DONO" e envio-lho como uma achega para construção de idéias e "desidéias" sobre Timor. Um abraço.

XANANA ESTÁ A GOVERNAR O PAÍS COM UM ORÇAMENTO EQUIVALENTE A QUATRO ANOS DE ORÇAMENTO DE ESTADO DO MEU TEMPO.(Mari Alkatiri)


Alkatiri ainda não percebeu que o dinheiro do petróleo de Timor pertence ao povo e não a ele, à sua família, e à Fretilin?

Um povo que sofreu durante séculos a pobreza que uma colonização pobre, que nada lhe deu, e que ansiava pela sua independência, tanto política como económica, principalmente para poderem usufruir dos bens a que tem direito, não pode sem um sentimento de revolta compreender, que enquanto alguns governantes ficam ricos, eles os efectivos donos do pais continuam pobres.

Os orçamentos rigorosos do Mari Alkatiri, foram rigorosos mas curtos, pois que para ele apenas contavam aqueles que giravam à sua volta, e os que possuíam os tais cartões mágicos de sócios da Fretilin.

Quando o Primeiro Ministro Xanana que ele coloca agora ao nivel de estúpido, começou a governar, determinou como objectivo primeiríssimo o povo, o tal povo que durante quatro longos anos de Independência tinha visto ao longe o brilho da riqueza na mão daqueles que o governava.

O que o Xanana está a fazer é dar um pouco do SEU A SEU DONO, pois que em 8 meses de governação, onde foi de todo o modo destabilizado pela acção dos patriotas Fretilianos que como sempre pôem o Partido acima da Nação, pouco poderia fazer sobre reformas e implementações de raíz.

Os problemas deixados pelo governo anterior, como os desalojados e os principalmente os peticionários e também os atentados contra o PRESIDENTE e PRIMEIRO MINISTRO, surgidos, estou certo, da necessidade de destabilizar, foram obstáculos de grande relevo no panorama político da Nação.

Quando o doente está a morrer, PRIMEIRO USAM-SE OS REMÉDIOS E SÓ DEPOIS SE PERGUNTA QUEM OS VAI PAGAR.

O Orçamento de Xanana é isso mesmo, era urgente salvar o doente, o povo, e por isso o orçamento teria que ser maior do que o de Alkatiri, E AINDA BEM!



...A CRIAÇÃO DE UM FUNDO QUE JÁ ULTRAPASSOU EM MUITO AS EXPECTATIVAS, QUE JÁ ATINGIU O VALOR QUE ERA ESPERADO TER EM 2019.



Claro que o fundo referido é mesmo esse que nós sabemos, e que determina, a urgência que o Mari pôe nas eleições antecipadas. O dinheirão que está guardado em nome de Timor, e que pertence a todos os Timorenses, faz cócegas nas mãos do senhor Alkatiri, pois que ainda por cima o Xanana está a dividi-lo pelos seus donos (o povo) em subsídios
para a terceira idade, e outros benefícios a que o povo tem direito.

Já surgem reclamações de que os subsídios que o governo está a dar para compensar o aumento do preço dos artigos de primeira necessidade, mata a agricultura, pois que esses artigos ficam mais baratos do que podem ser produzidos. Demagogias de quem nunca se preocupou com a agricultura, deixando àreas como as de Suai e outras, entregues a pessoas que apenas davam assistência aqueles que eram das suas cores.

Como disse o meu amigo A. Veríssimo de que no tempo de Mari Alkatiri “Mais importante que regular a intromissão da igreja no ensino oficial, ou os efectivos militares, seria desenvolver as pescas, a agricultura, a indústria, o comércio e cativar investimento… Isso não foi feito com a paixão devida”.

Concordo e subscrevo.



VAMOS FAZER UM TRABALHO POLÍTICO MAIS PROFUNDO COM A POPULAÇÃO PARA ESTA ENTENDER A SITUAÇÃO E VER A DIFERENÇA ENTRE ESTES DOIS GOVERNOS".(Mari Alkatiri)



O trabalho profundo que Mari terá que fazer é explicar ao povo que aquilo que Xanana faz é mau para o País porque esses subsídios que o governo está a dar facilitando a vida difícil dos Timorenses, os vai tornar preguiçosos e dependentes desses benefícios.

Que a Fretilin vai fazer orçamentos pequenos, fáceis de executar e vai criar estruturas nacionais para aumentar a riqueza do País, e que daqui a 20 ou 30 anos o povo já pode começar a usufruir da riqueza Nacional. Antes, subsídios e outros beneficios para o povo, NADA.

Que todos aqueles que quizerem ser Timorenses de “gema” terão que ter o cartãozinho e cotas em dia, e esses sim podem ter todas as benesses de Timorenses.

Mari tem que pensar que esse trabalho político mais profundo já está feito pois que o povo de Timor, é, mercê de muitas mentiras do passado, desde dos tempos de “hori uluk”, um politíco atento a todas as nuances da governação.

O Mari que não se esqueça que a força da Fretilin é uma força de “suku”, que se encontra no Leste do País, e que essa força são essencialmente os 29% da votação que encontrou nas ultimas eleições. Eles votaram na Fretilin de Luolo e não na Fretilin de Alkatiri, cujo “suku” se situa no Yémen, e em Maputo.

Não se esqueça que o trabalho profundo com a população, fez ele próprio durante os quatro anos de governação, e mais, que o Luolo está à espreita para um dia ser o Secretário-Geral.

Quem o avisa amigo(?)é. Amigo? conhecido e de longe.


SAKUNAR SACANA

António Veríssimo disse...

Olá!

Um bom a grande abraço para o meu amigo Sakunar.

Vamos ver se sou capaz de corresponder à sua proposta. Vou experimentar logo que me inspire.

Prá semana já volto a estar com mais incidência no TLN. O Silva Pinto já está pelos cabelos e o Peter também, mas aguentam-se.

Por uns tempos sabe bem estar sem muitas obrigações e pressões.

E logo joga Portugal... e tenho um mau pressentimento que não consigo contrariar.
Adorava enganar-me.

Cumprimentos e obrigado pela sua atenção, meu amigo.

Anónimo disse...

Sei que alguns camaradas aqui nao gostam de "lencois" mas este que se segue e' um grande lencol que eles vao odiar e e' a resposta do Primeiro Ministro do IV Governo Constitucional, Kay Rala Xanana Gusmao, que o Mari receava e que a Fabrica dos Blogs finge nao ter conhecimento para nao o publicar.

Numa visita habitual minha ao blog http://umalulik.blogspot.com/ encontrei o seguinte que passo a postar mais adiante. No entanto nao consigo copiar umas tabelas contendo informacao importante pelo que sera melhor darem uma visita ao blog Uma Lulik para poderem ter acesso ao documento completo.

VIVA KAY RALA XANANA GUSMAO!!!!


Ora aqui vai:



"Xanana Gusmão esclarece

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE

GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

Conferência de Imprensa

Segurança Alimentar – Os Factos

9 de Julho de 2008

Preâmbulo

Como é do conhecimento geral a questão de segurança alimentar não é nem um evento novo nem recente. No ano fiscal de 2006/07 o governo anterior despendeu cerca de $11.089 milhões na importação de bens alimentares, princialmente, arroz.

Assim como, o governo actual dispendeu no Orçamento Transitório cerca de US$6.6 milhões na compra de arroz.

Ao que consta, ninguém põe em causa a sensatez destas compras, visto que é aceite como verdade universal de que Timor Leste actualmente não produz quantidades suficientes capazes de satisfazer a procura interna e por outro lado os preços do mercado livre estão para além do poder de compra da maioria da população, sobretudo em períodos de escassez. Daí a necessidade de, de quando em quando, o Governo ter de intervir no mercado para assegurar uma resposta adequada, em termos de preço e quantidade, quanto ao fornecimento do produto base da alimentação Timorense, o arroz.

A compra mais recente de 16,000 toneladas métricas de arroz, tem nos últimos dias, dado muito que falar e escrever. Vou de seguida endereçar essa questão, mas quero, em primeiro lugar, só fazer um pequeno parênteses para vos notificar do seguinte:

Eu, melhor do que muitos dos que falam em voz alta, sei o que é ser-se privado de comida e o que isso quer dizer, e quero deixar aqui bem claro, que não lutei a melhor parte da minha vida só para obter a liberdade do país da opressão estrangeira, lutei também pelo direito do meu povo a uma vida digna e livre da fome. A primeira etapa está ganha, a segunda é o meu desafio actual.

Eu lamento a ignorância das pessoas. Ao que parece, já ninguém se lembra da crise internacional de produtos alimentares base que se tem vindo a verificar nos últimos meses.

Irrespectivamente da opinião internacional e doméstica, sobretudo daqueles que o cadastro diz pouco terem feito para a eliminação da fome e pelos direitos humanos, eu farei tudo ao meu alcance e dentro das leis vigentes deste país para que a população tenha acesso a aquilo que é do seu direito.

E AGORA OS FACTOS:

1. No orçamento de 2008 estabeleceu-se uma verba de $4.080 milhões para segurança alimentar.

2. Em fins de Janeiro de 2008 tornou-se evidente que não só as reservas de arroz estavam áquem do que se considera um nível aceitável, como também se notou no mercado mundial a proibição de venda de arroz por parte de países que normalmente são exportadores deste produto.

3. O número de toneladas métricas era estimado em 7.900 toneladas quando deveria ser 24.000 para estar dentro do stock estratégico, ou seja, quantidade adequada para o consumo de três meses.

4. Dada a situação, o Ministro do Turismo, Comérico e Indústria tomou a iniciativa de sondar o mercado de fornecedores através de um encontro com empresários associados ao mercado do arroz .

5. Este encontro teve lugar no dia 29 de Janeiro de 2008 e estavam presentes, segundo o registo de presenças, os seguintes importadores:

Julio Alfaro, Director da Companhia People Food

Lay Siu Hing, Director da Companhia Star King

Gerry Koul, Director da Companhia Nabilan Food

Germano da Silva, Director das Companhias Oriental Food and Três Amigos

Julio Lo, Director da Companhia Juxibel

Frederico da S. Sam, Director da Companhia Timorense

James Jong, Director Timor Food

As actas da reunião estão em anexo (anexo 1)

6. No dia 1 de Fevereiro, juntamente com o Ministro do Turismo, Comérico e Indústria reuni-me com a comunidade importadora de arroz e cimento para confirmar a disponibilidade e prontidão dos importadores. Segue-se os importadores presentes:

Kathleen Gonçalves, Directora da Companhia People Food

Julio Alfaro, Director da Companhia People Food

Sr. Amir, Gerente da Companhia Kuda Ulun

James Jong, Director da Companhia Timor Food

Sr. Marsidi, Director da Companhia Victoria Lda

Sr. Rully, Gerente da Companhia Nabilan Food

Frans Holiwono, Director da Companhia Holiwono (BTK)

Sr. Charles, Vice-Director da Companhia Lay Shop

Germano da Silva, Director das Companhias Oriental Food and Três Amigos

Julio Lo, Director da Companhia Juxibel

Lay Siu Hing, Director da Companhia Star King

Frederico da S. Sam, Director da Companhia Timorense


(vide acta, anexo 2)

7. Nesta reunião eu frizei os seguintes aspectos essenciais: capacidade de importar arroz de imediato e capacidade de armazenagem.

8. Poucos tinham capacidade de armazenagem e com a excepção do Germano da Silva ninguém se mostrou disponível para importar imediatamente a quantidade requerida pelo governo – 16.000 toneladas.

9. Na ocasião, lembrei também a todos presentes que era política do governo estabelecer mecanismos que facilitassem a partilha da importação do arroz.

10. Na sequência destas reuniões, a Companhia Três Amigos, representada pelo Germano da Silva, apresentou uma proposta ao governo em que se dispunha a fazer o fornecimento de 16.000 toneladas métricas de arroz importado do Vietnam a um preço de $510,00 por tonelada. A proposta incluía também a opção de se fazer o pagamento em duas tranches. A primeira tranche seria liquidada antes de Junho de 2008 e a segunda tranche teria lugar por volta de Agosto, após a aprovação do orçamento rectificativo.

11. Quero rectificar que o Senhor Germano da Silva não é Vice-Presidente do CNRT.

12. O governo decidiu deliberar a favor desta proposta com base nos seguintes factores: 1) a sondagem ao mercado através das duas reuniões com os importadores indicou ausência de capacidade para importar; 2) a prosposta do Sr. Silva era razoável, representava dinheiro/valor e oferecia condições de pagamento favoráveis; 3) o país precisava urgentemente de reservas de arroz.

13. No dia 29 de Fevereiro fechou-se contrato com a Companhia Três Amigos para a compra de 8.000 toneladas de arroz com o preço por tonelada de $510,00 e valor total de $4,080 milhões (Anexo 3). O balanço de 8.000 toneladas seria comprado ao risco do contractor e só pago depois do orçamento rectificativo.

14. Em princípios de Abril, o preço do arroz no mercado internacional sobe consideravelmente, tendo mesmo alcançado $1,150 por tonelada – Tailândia. É neste ambiente de escassez e flutuação constante de preço que a companhia contratora é informada pelo fornecedor Vietnamita que deixou de ser possível o fornecimento ao preço de $510,00 previamente acordado.

15. O preço exigido pelo fornecedor foi de $800,00 na origem e ao qual a Companhia Três Amigos acrescentou $100,00 para cobrir custos de transporte, seguros, custos operacionais e lucro, ficando assim o preço para o governo a $900,00 por tonelada. (Anexo 4)

16. Dada a conjuntura internacional da altura, o governo decidiu ser prudente e não arriscar perder o arroz já assegurado. Prosseguiu-se com a rectificação do acordo de compra de 16.000 toneladas de arroz, agora com um custo total de $14,400 milhões.

17. Entendeu este governo que o preço, perante o sério risco de falta de arroz para os mais carentes da nossa sociedade, era um factor secundário.

18. Todas a negociações com a companhia contratante foram feitas abertamente, de uma forma transparente e dentro dos termos legais.

Dadas as recentes acusações por parte da oposição, o governo decidiu fazer uma pesquisa e investigação às compras de arroz e bens alimentícios do governo anterior.

E estas revelaram o seguinte:


1. No ano fiscal de 2006/2007 o governo anterior despendeu $11,089 milhões na compra de arroz e bens alimentícios.

2. A tabela demonstra claramente que 76 % das compras de arroz do governo anterior foram compras efectuadas através de ajustes directos (single source).

3. Um acordo de fornecimento de arroz entre a companhia Timor Global e o Sr Arsénio Bano, então Ministro do Trabalho e Reinserção Comunitária, datada de 13 de Junho de 2006, tem apensa uma nota da Ministra das Finanças da altura, em que esta diz: "esta foi uma compra de emergência, isto é, com base num contracto assinado pelo Ministro Bano e por mim, o fornecedor, prontificou-se a fornecer arroz com compromisso de ser pago à posteriori". Assinado 1 de Septembro de 2006. De que forma é que este acordo é diferente do acordo que tanto tem dado que falar nas últimas semanas? Pelo menos, este governo vai acertar as contas no ano fiscal em que as despesas foram incurridas e esse não foi o caso do governo anterior. Note-se que neste caso, trata-se de despesas de um ano fiscal no valor de $849,188.00 que não foram contabilizadas no ano fiscal em que tiveram lugar, ou seja, as despesas do relatório anual de 2005/06 estão, pelo menos , erradas por este valor - $849.188,00 (Anexo 5).

4. Mas eu compreendo porque o Governo anterior já estava habituado a não contabilizar dívidas e este governo está a habituar-se a pagar as dívidas do governo anterior.

5. Entretanto, a recente auditoria da Delloites, adjudicada pelo Governo da AMP sobre o fundo de Contingência, revelou um pagamento de $500,000 em excesso à quantia alocada ao Fundo de Solidariedade para uma grande aquisição do arroz. Foi feito um acordo de $960,000 entre o Ministério de Trabalho e Reinserção Comunitária e a companhia Timor Global (TL) Pty Ltd para compra de mais 2.000 toneladas de arroz. Embora o pedido para usar os fundos da Contingência tenha sido autorizado pelo Primeiro-Ministro, não se verificou documentação de prova de importação quando o pagamento foi feito.

6. Adiante a mesma auditoria revela também: "Uma fotocópia de muito pouca qualidade e difícil de ler estava anexada a uma outra ordem de pagamento de $35,200 para custos de descarregamento do arroz. Contudo, os documentos the embarque são para um outro fornecimento the arroz (3.000 toneladas) e marcado "doado pela República Popular da China" e inconsistente com o contrato da Timor Global. Mais, os custos de transporte e armazenagem cobrados ao governo foram para uma quantidade de 3.000 toneladas quando o contrato em questão era para 2.000 toneladas."

7. Pouco depois da tomada de posse deste Governo verificou-se que havia apenas US$830,000 na conta bancária para as receitas de venda do arroz do Estado. Atendendo a que se gastaram cerca de US$11.9 milhões em compras, esta quantia de receitas parece extremamente baixa. É isto, um bom exemplo de boa administração e governação? É de notar também que o extracto de conta bancária não cita entradas anteriores a Fevereiro de 2007 quando a compra, por parte do Estado, começou nos primeiros meses de 2006. Porquê?

8. Deixem-me dizer-vos que tudo isto é consistente com a gestão financeira do país por parte do governo anterior. Pouco depois da nossa tomada de posse descobriu-se que cinquenta e quatro por cento (54%) do valor de todas as despesas do governo no ano fiscal de 2006/2007 deram entrada no sistema financeiro como "no vendor", ou seja, sem fornecedor. Isto significa que nunca se saberá onde foram parar mais de cinquenta por cento (50%) dos fundos do Estado, ou como foi gasto, porque não existe documentação. A auditoria recente acrescenta: "Essencialmente, não existia nem relatórios nem verificação de processos dentro dos Serviços de Aprovisionamento. O registo de muitos pagamentos nos Livros de Contas era incompleto. Isto resultou numa situação onde se verifica um muito pobre rastreio financeiro e investigações retrospectivas de má administração ou fraude tornam-se extremamente difíceis.”

9. Não devemos esquecer que o maior contrato feito pelos Governos anteriores foi com a companhia de Tafui Oil para fornecimento de combustível, cujo proprietário é o sr. Djafar Bim Amude Alkatiri, irmão do ex-Primeiro Ministro Mari Alkatiri, contrato este que excedia USD $1.2 milhões por mês. A recente auditoria revelou tambem que, "Apesar da magnitude do contrato que cobre a principal fonte de fornecimento de combustível ao país, o contrato não continha garantias de desempenho." Além de mais, revelou-se no processo do contrato:

1. Não cumprimento das regras de consulta aberta

2. Infracções de delegação de poderes na contratação

3. Falta de autoridade para a extensão do contrato

4. Não houve notificação ao Ministro de certos aspectos do contrato

5. Não houve validação das ordens de pagamento

6. Não foram identificadas nem recuperadas significativas quantias pagas em excesso ao credor.

Muitas vezes na ânsia de se marcar golos políticos marcam-se golos na própria baliza……


Quero também responder ao ex-ministro Arsénio Bano, que fez afirmações de que eu andei a practicar má administração na Presidência, simplesmente porque tive que pagar as despesas do Estado com o meu próprio dinheiro.

1. O Senhor Arsénio Bano, como membro do governo anterior, deve lembrar-se que, em 2002, eu chamava-o todas as sexta-feiras para o encontro com a população necessitada. Até que ele próprio parou de ir aos encontros porque não conseguia atender aos pedidos feitos. Optei então por chamar o Senhor Arsénio Bano e os seus directores depois de me ter sido negado, como Presidente da República, o reembolso de despesas de umas chapas de zinco, madeira, pregos, etc. para pessoas que foram pedir ajuda em fins de 2002. Eu tinha mandado as finanças da Presidência da República cobrir essas ajudas. Porém, o Ministério do Plano e Finanças devolveu-me o processo dizendo que o Presidente da República não devia fazer tais actividades, pelo que tive de tirar do meu próprio bolso para pagar ao Estado. Foi daí que comecei a convocar o Senhor Arsénio Bano, que revelava não poder assistir a tudo.


2. A tabela demonstra claramente que 76 % das compras de arroz do governo anterior foram compras efectuadas através de ajustes directos (single source).

3. O ex-Primeiro-Ministro Mari Alkatiri informou-me, em inícios de 2003, que ele tinha apontado a oficina dos veteranos de Taibessi como a única oficina de manutenção dos veículos do Estado. Muitos meses depois, o ex-Primeiro-Ministro Mari Alkatiri informou-me, lamentando, que a oficina dos veteranos de Taibessi tinha decepcionado a sua confiança e que tinham estragado os carros que para lá iam para serem consertados.

4. O senhor ex-Primeiro-Ministro informou-me também que houve corrupção naquela oficina e da qual resultava um Pajero sair da dita oficina como se fosse um Tata e um Tata como um Pajero. Eu agradeci ao Senhor ex-Primeiro-Ministro a informação, informando-lhe também de que, porque o Presidente da República não tinha muito dinheiro, eu iria mandar os carros da Presidência para oficinas mais profissionais.

5. O ex-Primeiro-Ministro anuiu a minha ideia e, posteriormente, quando houve necessidade de fazer manutenção aos veículos da Presidência, eu mandava os carros para a oficina de Bemori. Contudo, durante o ano fiscal de 2003/2004, quando foi para pagar as facturas, a então Ministra do Plano e Finanças, ou Ministério do Plano e Finanças, devolviam-me as facturas fazendo lembrar que não pagavam porque a oficina dos veteranos é que tinha ganho o contrato para reparação exclusiva dos carros do Estado.

6. Tirei do meu próprio dinheiro para pagar estas despesas, embora soubesse que a oficina dos veteranos já não funcionava e a política do governo mudou e passou a ser permitido que os carros do Estado fossem a qualquer oficina em Dili. E esta política mantém-se até hoje. Mas para abrir um pouco os olhos às pessoas, informo aqui que chamei o Brigadeiro Taur Matan Ruak e lamentei as condições do trabalho, de irresponsabilidade e de má gestão da oficina dos veteranos. O Brigadeiro disse-me que pediu mais de três vezes ao Governo para fazer inspecção à oficina, o que nunca aconteceu. O que é verdade, é que um sobrinho do ex-Primeiro-Ministro, ligado a um Malasiano, andaram a inventar facturas, a trocar as peças dos carros e tudo isto sem os veteranos poderem fazer nada.

7. Um outro exemplo da má administração da Presidência da República vem do seguinte facto: Para além de receber muito tardiamente uma viatura Taruna que é usada por comerciantes comuns na Indonésia, este tipo de veículo não consegue fazer viagens ao interior. Para ir ao interior, eu utilizava o meu carro privado e, porque era em serviço, eu atestava o depósito com gasolina do Estado. As facturas mandadas para o Governo pagar o combustível, usado somente para as minhas deslocações oficiais ao interior, foram devolvidas porque combustível do Estado não podia atestar carros privados.

8. Foi com muita pena que parei de fazer visitas às populações no interior e aproveito esta ocasião, para dizer também que o próprio Presidente da República, em entrevista a jornais australianos, disse que eu nunca saía para o interior. A razão é simples. Eu fui, durante dois anos seguidos, por conta própria e parei de ir por falta de dinheiro.

9. Desde Novembro de 1999 que também saí várias vezes ao estrangeiro, a pedir apoio da comunidade internacional a Timor-Leste. Como Presidente da República também fui visitar países ou participar em encontros de estado internacionais. Em qualquer uma dessas visitas sempre apelei para apoio financeiro ao Governo de Timor-Leste. Como Chefe de Estado preferi levar prendas condignas e encomendei prendas de Estado. No fim, eu tive que pagar do meu próprio bolso porque não passei pelo processo de consulta ao mercado (tender).

Para fechar, eu sempre servi a minha nação com tranparência, de boa fé e de acordo com a lei. As alegações de corrupção contínuas contra mim e os meus ministros não são substanciadas e fazem parte de toda uma campanha política agressiva por um pequeno número de pessoas que põe o desejo do poder acima do bem da nação e que buscarão o poder a qualquer custo.

Desaponta-me ver que aqueles de quem se espera que sirvam o povo escolhem servir os interesses próprios.

Eu quero também dizer que. quando o governo da AMP tomou posse, nós decidimos governar com dignidade e livres de brigas políticas que em nada contribuem para a construção do país nem representam os melhores interesses do nosso povo, mas a Oposição tem conduzido uma campanha sistemática, através de informação deturpada, com o fim de criar instabilidade.

O que é desapontante, é que tanto a imprensa nacional como a internacional relatem informações incorrectas como factos, sem se darem ao trabalho de fazerem as devidas investigações como é exigido de um bom profissional.

Portanto, o que eu vos quero pedir hoje é que vocês se esforcem por discernir as verdades da propaganda e assim, dar acesso a esta nação, e ao resto do mundo, a um levantamento honesto das actividades do governo.


+FIM+'