segunda-feira, 28 de julho de 2008

O HOMEM QUE VISITOU A MORTE ESTÁ EM PORTUGAL

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Horta: “ASSASSINADO” EM TIMOR, APAPARICADO EM PORTUGAL

Ramos Horta continua por Portugal depois de um périplo pela Austrália, onde se avistou com o Papa e participou nas Jornadas da Juventude, rumando posteriormente à Europa e estabelecendo contactos com os mais altos dignitários europeus que comandam os destinos da EU.

Em Portugal teve o propósito e a oportunidade de participar na Cimeira de Chefes de Estado da CPLP e de se avistar com imensos portugueses amigos assim como familiares.
Ramos Horta tem sido extremamente apaparicado, há que dizê-lo. E merece.
Merece, principalmente, porque foi o homem que visitou a morte em 11 de Fevereiro e dias seguintes, até ver a sua situação declarada estabilizada pelos médicos australianos que fizeram parte do imenso grupo anónimo que propiciou a sua ressurreição. A começar pela GNR e respectiva equipa do INEM, portugueses em Timor, os médicos militares australianos e, posteriormente, os médicos do hospital de Darwin.
Escapou de boa!

“Não sou herói; até tenho pavor de armas”, replicou Horta durante a sua visita a Ovar, como nos descreve o Diário de Ovar.
Pudera. Ele nunca gostou de armas desde a mais tenra idade e agora muito menos. Foram elas que lhe proporcionaram visitar a morte ainda nem passaram seis meses.
Mas se assim acontece com ele - esta sua genética e visceral aversão a armas e respeito pela vida – o mesmo não se pode dizer de muitos em Timor-Leste. Tanto assim que encomendaram a sua morte.
É verdade. Lá voltamos nós ao mesmo, à vaca fria e desagradável reprise. Tudo porque nunca mais alguém se digna escalpelizar e responsabilizar os autores assassinos, morais e de facto.

Actualmente já não restam dúvidas sobre a realidade timorense de Fevereiro deste ano e a verdade é que os principais responsáveis pelo atentado a Ramos Horta, Presidente da República de Timor-Leste, continuam impunemente a passear-se e a decidir sobre os destinos da Nação… e dos seus recursos. Depauperando os seus recursos em proveito próprio, provavelmente. Muito provavelmente. Isso é o que indiciam negociatas autorizadas pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão vindas a público há cerca de uma semana.

Repare-se que Ramos Horta quase não refere – ou não refere mesmo – o suposto atentado que “vitimou” Xanana Gusmão.
Disse ele em declarações veiculadas pela Lusa: “A tragédia de Fevereiro só me aconteceu a mim e não ao Povo e hoje Timor-Leste está num processo de estabilização".
Mas também em entrevista ao Expresso, publicada sábado passado, à pergunta de Micael Pereira se ”o seu plano incluía eleições parlamentares antecipadas?” o presidente de Timor-Leste responde que “era um calendário a muito curto prazo: acordo político entre a Fretilin e a AMP (a Associação para uma Maioria Parlamentar, de Xanana Gusmão) para se criar mecanismos em que a Fretilin daria o seu contributo para a solução dos casos de Alfredo Reinado, dos peticionários, dos deslocados, da reforma do sector da Defesa e Segurança, da reforma da Justiça e da Administração Pública. A Fretilin passaria a participar na estabilização do país.”

Isso queria dizer que Horta queria emendar aquilo que reconhecera de errado ter feito ao aceder às pressões de Xanana Gusmão para entregar a governação a uma manhosa AMP saída de uma capoeira em que o galináceo-mor inventou um poleiro chamado CNRT, adesivando-se a uma sigla histórica que baralhou inúmeros eleitores.
Os pintos e pintas rodearam o galarucho. Foi uma verdadeira concentração de vigaristas e desonestos timorenses… e deles continua rodeado, até mesmo pelos que disseram que muitos desses pintos estão contaminados com a “gripes das aves”, que não prestam. Agora já deve estar tudo contaminado – a maioria com a gripe da corrupção. Até os que antes falaram… estão calados, caso de Mário Carrascalão, do PSD de Timor.

Na entrevista ao Expresso percebe-se que o “Presidente fala sobre a relação tensa com Xanana antes do atentado” porque concordava com novas eleições, concordava e concorda.
Diz Horta: “Concordo, desde que não haja uma data rígida. Contrapus que os partidos dessem a prorrogativa de fazer consultas em 2009 para saber da oportunidade de eleições antecipadas. Perdendo a confiança do Parlamento, o primeiro-ministro resignaria, mas não teria de haver necessariamente novas eleições. Eu poderia convidar a Fretilin a formar governo.”

Quer queiramos quer não temos o dever de admitir muitas suspeitibilidades sobre a possibilidade de a linha que fabricou Xanana Gusmão primeiro-ministro ter ficado em desespero e tentado o que ninguém jamais admitiria: livrar-se de José Ramos Horta, Presidente da República.
Claramente que a dupla Xanana-Lasama será mais cordata para os que há muito se vêm apoderando de Timor-Leste com intuitos de piratear e saquear os bens naturais do país. Pelo menos desde 2006 que essa dupla tem vindo a demonstrar de que lado do campo está a jogar. Decisões e atitudes assim o têm comprovado.

Em toda a política que tem estado em evidência sobre Timor-Leste e que ao mundo tem vindo a ser revelada sobressai a complexidade da personalidade de Xanana Gusmão, até há pouco tempo um herói nacional. Que agora tem vindo a ser cada vez mais pómio de discórdias e divisões entre os timorenses e causador principal de mortes e destruições no ano de 2006, segundo as evidências e também alguns dos seus apaniguados entretanto com ele desiludidos, caso de Alfredo Reinado, entre outros que certamente irão aparecer… vivos ou mortos, nunca se sabe.

Este é um assunto envolvente e que dificilmente poderá ser “descascado” em prosa curta – e esta já vai longa.
Para terminar somente alguns telegráficos parágrafos.
Disse a Lusa: “Ramos Horta elogia Xanana e diz que há condições e confiança no governo”.
Pois, pudera. Não será desejável outro 11 de Fevereiro e o que é facto é que Horta disse muito pouco na entrevista ao Expresso mas o bastante para compreendermos que está condicionado pela consciência que já tem de quem é Xanana Gusmão, os que o rodeiam e aquilo de que são capazes. Tudo o resto é conversa para não “acordar o monstro e manter-lhe a cama quente até que passe o inverno”.

Para o Expresso perguntou Micael Pereira: “Há uma tese defendida publicamente pela Fretilin de que Xanana estará por detrás do atentado”
A que Ramos Horta respondeu: ”Eu sei, mas não acredito. Xanana nunca faria tamanha injustiça, tamanho absurdo. Imagine como a esposa e os filhos reagiriam, sendo amigos íntimos meus. A família toda, aliás.”
Até parece que Ramos Horta nunca viu filmes como “O Padrinho”, ou pelo menos não leu Mário Puzzo e outros autores que demonstram quão fácil é para algumas pessoas chorarem até perante os filhos e viúvas das vítimas. Aliás, há pessoas que choram por tudo e por nada… ou fazem que choram? Que dizem que não usam telemóvel… mas usam? Cuidado com eles, muito cuidado!
Não se pense que Ramos Horta não sabe cuidar-se, pelo menos a partir de 11 de Fevereiro, data em que visitou a morte.
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2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
António Veríssimo disse...

Apre

Vocês são bichinhos, livra!
Gaiatada que não guarda respeito é lixo.
Muito maus representantes do povo timorenses. Indignos.

Já leram o Portugal Directo?
Que tristeza.
Li aquilo e fiquei ofendido por vocês merecerem que assim a vós se refiram.

Ganhem juízo e respeito pelos outros.
Sejam merecedores de representar o vosso povo.
Os timorenses não são assim.