terça-feira, 6 de janeiro de 2009

José Luís Guterres: NÚMERO DOIS DE XANANA ACUSADO DE NEPOTISMO

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Nem só de pão vive o homem, é o que se diz para demonstrar figurativamente que todos nós, seres humanos, desumanos e até humanoides, não vivemos só de uma única coisa mas sim de algumas essenciais, básicas, e de outras que mesmo supérfluas nos aguçam a vontade de “precisar” e de possuir. A isso pode-se chamar gula, mania das grandezas, mais olhos que barriga, nepotismo, peculato, roubo, vigarice, apropriação indevida, sacanagem… e por ai adiante.

Não faço ideia em que classificação cabe o que vem a seguir. Pessoalmente considero abaixo de cão atitudes como aquela de que é acusado José Luís Guterres e ainda mais abaixo de cão o facto de terem deixado passar sem que uma explicação lógica fosse dada aos prejudicados timorenses que, pelo que se vê e dizem, estão constantemente a alimentar as tais coisas supérfluas que aguçam a uns quantos desonestos a vontade de “precisar” e de possuir. Se é gula, nepotismo… Cá para mim é uma valente sacanice. Pior é que são tantas as denúncias deste tipo de “expropriações” que já cansa e mete nojo. Mais ainda por sabermos que tudo fica em “águas de bacalhau” e que quem paga é o “mexilhão”. Arredem maganos!

Publicámos ontem um caso, de certo modo parecido, que envolvia o Embaixador Nelson Santos. Se este é de agora, pelo menos aqui, o de Guterres já tem barbas. Posta a denúncia o que foi que lhe aconteceu? Vamos lá, tudo tem de ser consequente e se queremos “cortar”, então “cortemos” a direito. Por essa razão, com esse objectivo nada melhor que recordar aquilo que em Fevereiro era notícia sobre o número dois do governo de Xanana Gusmão, José Luís Guterres, e meditemos sobre as declarações-justificações do então diplomata e ministro dos Negócios Estrangeiros…

Fretilin acusa vice-PM de "nepotismo"

RTP – Lusa

Díli, 05 Fev (Lusa) - A bancada da Fretilin no Parlamento acusou hoje de "nepotismo" o vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, José Luís Guterres, exigindo a sua demissão.

O deputado Francisco Branco, em nome da Fretilin, acusou José Luís Guterres de ter beneficiado a sua mulher quando ocupava o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, em 2006.

Em causa está o aumento de salário de Ana Maria, mulher de José Luís Guterres, "para pelo menos o dobro do que devia receber como funcionária local" da representação em Nova Iorque, explicou o ex-primeiro-ministro Estanislau da Silva à Agência Lusa.

"José Luís Guterres concedeu à esposa um salário de diplomata, tomando uma decisão unilateral, num acto de abuso de poder que violou os princípios éticos", acusou Estanislau da Silva, também deputado da Fretilin na actual legislatura.

José Luís Guterres, contactado pela Lusa, afirmou que as acusações da Fretilin "são politicamente motivadas para desacreditar o actual governo", liderado por Xanana Gusmão.

"Rejeito totalmente as acusações e estou disponível para responder perante uma comissão de inquérito", acrescentou o vice-primeiro-ministro, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros no primeiro governo de transição formado na sequência da crise política e militar de 2006.

Nessa altura, José Ramos-Horta, que chefiava a diplomacia timorense quando foi convidado a formar o II Governo Constitucional, escolheu José Luís Guterres para lhe suceder na pasta dos Negócios Estrangeiros.

José Luís Guterres ocupava, até aí, o posto de embaixador de Timor-Leste nas Nações Unidas.

"Quando fui convidado para o governo, tinha duas opções: ou aceitava servir o país de acordo com o que me era proposto ou continuava a viver com a família em Nova Iorque", explicou à Lusa.

"A minha família teria ficado na rua e os meus filhos perderiam o ano escolar se não encontrássemos uma solução".

"Falei com José Ramos-Horta e com os directores do MNE, incluindo o então secretário-geral João Câmara, e eles compreenderam a situação", acrescentou José Luís Guterres nas declarações à Lusa.

A mulher de José Luís Guterres passou a ocupar "um cargo de nomeação política que, por isso, está sempre à consideração de quem ocupa o cargo de MNE", explicou o actual vice-primeiro-ministro.

"Era um lugar temporário", sublinhou José Luís Guterres.

Ana Maria recebia, segundo o marido, 2.800 dólares norte-americanos de ajudas-de-custo mensais, "o que não é muito para quem conheça o custo de vida em Nova Iorque", nota José Luís Guterres.

"Quanto à acusação de uma transferência ilegal, referia-se ao montante da renda de um apartamento de dois quartos, fora da cidade, no valor de 1.700 dólares", afirmou ainda José Luís Guterres à Lusa.

Ana Maria, natural de Moçambique, é licenciada em Sociologia e tem um mestrado em Globalização e Movimentos Sociais, "o que a habilitava ao lugar para que foi nomeada", frisou ainda José Luís Guterres.

A mulher do vice-primeiro-ministro continua a desempenhar funções na missão de Nova Iorque, e o seu caso "está em apreciação pelo ministro dos Negócios Estrangeiros", Zacarias da Costa, adiantou José Luís Guterres.

Estanislau da Silva adiantou à Lusa que "a Fretilin tem outros casos de corrupção e nepotismo para levantar na próxima semana no Parlamento".

As acusações contra José Luís Guterres no plenário provocaram o repúdio de vários deputados dos partidos que integram o Governo da Aliança para Maioria Parlamentar.
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