domingo, 1 de fevereiro de 2009

O MÊS EM QUE HORTA MORREU E O PODER XANANA-AMP SE FORTALECEU

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Um ano volvido do atentado a José Ramos Horta, alegadamente concretizado por Alfredo Reinado, continua todo o processo no segredo dos deuses. Deuses que neste caso não estão no céu mas sim na Procuradoria-geral da República de Timor-Leste, que Longuinhos Monteiro chefia na qualidade de Procurador, é o chefe.

Muita tinta e ondas hertzianas já ocupou este caso do 11 de Fevereiro do ano passado, muito já se disse, muito tempo estiveram os timorenses – por declarado estado de emergência - compulsivamente recolhidos em casa ou nos campos de refugiados que pululam pelo país, alguns suspeitos foram apontados… mas disso não passa. O silêncio sobre o 11 de Fevereiro passou a ser quase sepulcral a partir do momento em que se soube publicamente o resultado das autópsias a Alfredo Reinado e a Leopoldino Exposto, alegados autores do atentado ao Presidente da República e também alegadamente abatidos em confronto com a guarda presidencial.

Os resultados das autópsias a ambos os cadáveres vieram dar a saber que existiam indícios de que os revoltosos tinham sido executados no jardim da casa de Ramos Horta. Foi exactamente a partir de então que o caso “arrefeceu”, após atabalhoadas desculpas e teorias de que não senhor “não tinham sido executados coisa nenhuma”. Porque se calaram, aparentemente procurando abafar e esquecer o caso e o resultado das investigações, somos livres de pensar que este caso vai ficar para as calendas gregas, quero dizer: será sabido NUNCA, ou então quando as galinhas voltarem a ter dentes.

Como quase tudo em Timor, onde é presumível existir mão de Xanana Gusmão e de elementos da maioria no Poder, adversários figadais da Fretilin, a nebulosa é enorme, o que comprova terem sido realmente colonizados por Portugal, herdando a manhã de nevoeiro e o sebastianismo tão característicos e cultivados pelo regime fascista de Salazar e de Caetano, até Abril de 1974, quero dizer: a deslealdade, a opacidade, a ignomínia.

Apesar dos esforços para que tudo caia no esquecimento e do sucesso obtido com o silenciamento do jornalismo profissional, que até faz a vontade aos actuais “senhores” de Timor-Leste, não estamos nós aqui neste modesto TLN pelos mesmos ajustes. É importante que se saiba aquilo que realmente aconteceu em 11 de Fevereiro e se acabem com as suspeições que nos fazem correr o risco de sermos injustos.

Por essa razão, para que se saiba que há muitos que continuam despertos e exigentes da revelação credível das conclusões das investigações, temos vindo sincopadamente publicando alguns documentos jornalísticos do passado ano que referem o “bicudo” caso. Hoje, agora, é dia de mais um. De uma coisa não há dúvidas: em 11 de Fevereiro Ramos Horta quase morreu fisicamente mas assistimos à sua “morte” política e institucional. Curiosamente, o querer e o poder de Xanana Gusmão e dos que governam e legislam em nome da AMP fortaleceram-se. O que pensar de um mero Presidente tão decorativo?

Desfrutem em seguida de um trabalho alusivo aos incidentes atrás referidos, sobre o 11 de Fevereiro, da autoria da jornalista Felícia Cabrita, do semanário SOL, em finais do mês de Março do ano passado e que então publicámos no TLN.

Segunda-feira, 31 de Março de 2008
ATENTADO POSTO EM CAUSA

INVESTIGAÇÃO DO SOL
AOS INCIDENTES DE 11 DE FEVEREIRO PÕE HIPÓTESE DE DUPLA TRAIÇÃO

O presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta, que foi alvo de um atentado em Fevereiro, no palácio presidencial em Díli, terá sido atraiçoado por um militar do seu corpo de segurança.

Este militar, de nome Albino Assis, será a peça chave quer do atentado contra Ramos Horta, quer da morte à queima-roupa do major rebelde Alfredo Reinado.

Albino Assis integrava as F-FDTL (Falintil – Forças de Segurança de Timor-Leste), a pequena força de segurança pessoal do presidente Ramos Horta. Ao mesmo tempo, porém, mantinha contactos frequentes com o grupo rebelde do major Reinado – tudo indicando que este tinha homens infiltrados na segurança do palácio.

Aliás, o nome de Albino Assis constava de uma lista que Reinado trazia no bolso quando foi alvejado.

Mas não só: o major tinha também consigo um croqui do palácio, feito por alguém que conhecia bem por dentro as instalações da casa oficial de Ramos Horta.

Reinado terá morrido entre as 6H15 e as 6H20, momento em que deixou de fazer contactos com os elementos de Salsinha, que se encontrava em Dare – zona próxima ao local onde, uma hora depois, o primeiro-ministro Xanana Gusmão foi alvo de forte tiroteio.

Foi também Assis quem, às 7H27 do dia do atentado comunicou ao grupo de Salsinha o que se passara no palácio presidencial: os atentados que vitimaram Alfredo Reinado e que colocaram Horta às portas da morte.

O alerta de entrada de Reinado no palácio foi dado por um jovem que vive no campo de deslocados ali existente – e contíguo à caserna onde dormia Assis, com um outro militar da segurança de Horta, Francisco Marçal. Este acabaria por ser o autor da rajada de metralhadora que atingiria Reinado.Só que Marçal, que disse ter feito um único disparo de metralhadora, não contou a verdadeira versão.

MORTO À QUEIMA-ROUPA

Alfredo Reinado não terá morrido com os tiros desta rajada – que lhe fez três perfurações num olho e deixou um estilhaço no ombro. Segundo a autópsia já realizada, a causa da morte foi uma bala isolada que o atingiu no pescoço disparada à queima-roupa e o trespassou de um lado a outro.Existem fundadas dúvidas sobre a veracidade das teses até agora definidas para aquilo que teria acontecido: que Reinado e os seus homens foram a Díli com o objectivo de matar Ramos Horta e Xanana.

De facto, está em cima da mesa a possibilidade de, além de Horta, também Reinado ter sido vítima de traição (atraído a um falso encontro com o presidente). O certo é que Horta e Reinado mantinham negociações para que o grupo rebelde se entregasse, tendo o último encontro entre ambos ocorrido em Maubisse, a oitenta quilómetros de Díli, apenas quatro semanas do atentado.

Outro elemento importante poderá ser uma mensagem existente no telemóvel de Reinado enviada por uma mulher que esteve com ele nas montanhas, na noite da véspera de tudo acontecer.

Nessa enigmática mensagem, enviada às 23 horas de 10 de Fevereiro, a mulher dizia: “Tenha cuidado mor (amor). Não é preciso ires a este seminário (expressão usada pelos timorenses para se referirem a “encontro”) se não te sentires bem. Não esqueças de seguir o ritual daquilo que acreditamos. Amo-te sempre.”

HORTA NÃO CONHECE

Ao contrário do que tem sido dito, Ramos Horta não reconheceu o homem que o alvejou. O presidente timorense viu-o – “sei que é alto, magro e que tinha um lenço verde atado na cabeça”, disse ao Sol – mas não o conhecia.

Segundo Horta, o agressor vestia uma farda semelhante à que os homens de Reinado envergavam no encontro de Maubisse.

O presidente de Timor-Leste confidenciou ainda ao Sol que não esperava de todo o que sucedeu, tendo em conta a existência de negociações. “Não esteva nada à espera disto”, disse Ramos Horta.

O Sol publicará em próxima edição toda a história dos acontecimentos em Díli, com documentação sobre o que verdadeiramente se passou, assim como numa entrevista com o presidente timorense, a primeira concedida por este à imprensa internacional depois do atentado.

SOL/FELÍCIA CABRITA, em Díli – felícia.cabrit@sol.pt - Também publicado em TIMOR LOROSAE NAÇÃO
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2 comentários:

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