quarta-feira, 17 de junho de 2009

KIRSTY SWORD, EM NOME DAS SUAS CONVENIÊNCIAS

.

VEIO PARA SE SERVIR E NÃO PARA SERVIR AS TIMORENSES?

A visita de Kirsty Sword a Portugal tem dado origem a comentários favoráveis pela sua presença e desempenho naquilo em que tem participado mas, obviamente, a muitas reacções desfavoráveis, considero no entanto que o mais importante não foi dito e quase nem palavra se tem dedicado à pessoa que a puxou para esta oportunidade de tentar vender a sua “marca” aos portugueses. Refiro-me à sua amiga Ana Gomes, deputada do PS e pessoa sobejamente conhecida pelo seu cíclico fala-fala que nunca dá em nada mais do que promover a sua imagem de “inconsolável cidadã pela justiça e democracia”, porém, pelo visto, com essa senhora temos de “levar”. Outros há bem piores que ela e já estão no “poleiro do faz-de-conta” há muitos mais anos.

Seria louvável que os propósitos e práticas da visitante Kirsty Sword tivessem única e exclusivamente que ver com a defesa dos interesses dos timorenses na generalidade e, por ser sua função, principalmente promover a mulher timorense, sensibilizar mecenas de Portugal para que contribuam para a evolução das timorenses abandonadas à sua má sorte até por uma igreja timorense reaccionária, machista, discriminatória, egocêntrica e, muitas vezes, desumana sobre as condições e carências da mulher timorense. A não ser que ela também considere que em nome da “estabilidade” do governo para que concorreu e concorre as verdades não devem ser ditas, nem combatidas se for o caso, e é!

Inicialmente não pareceu que à sua chegada fosse esse o seu espírito. Em entrevista divulgada pela Lusa julguei perceber que Kirsty seria alguém que estaria a pugnar pelas mulheres timorenses relativamente ao planeamento familiar, ao direito à interrupção da gravidez e do combate a determinadas culturas ancestrais que só prejudicam as timorenses. Se assim fosse Kirsty estaria contra determinadas imposições desumanas e que violam os direitos humanos, implementadas e defendidas pelo clérigo timorense. Infelizmente constatei que me enganei.

Quanto mais dias passam a tentar acompanhar a estadia de Kirsty Sword mais parece claro que aquilo que veio fazer a Portugal foi, de facto, auto-promover-se, reabilitar a figura do seu marido perante os portugueses, fazer política em prol do regime corrupto da AMP… Nada me admiraria que nesta visita não ficasse alinhado para futuro relativamente próximo um doutoramento “honoris causa”, daqueles que certas universidades dão quase como os prémios da Farinha Amparo.

Mesmo que a distracção e boa vontade não me permitissem observar e concluir o que menciono, a atitude de Kirsty e respectiva notícia do Correio da Manha – aqui publicado mais em baixo – abrir-me-iam os olhos. A senhora contrariou a lei dos impossíveis ao voltar a reacender o teatro de 11 de Fevereiro em sua casa, indo novamente agradecer, desta vez ao Comando da GNR em Portugal, pelo desempenho dos para-militares portugueses no fatídico dia “em que a salvaram”.

Concretamente foi dito e está escrito no CM: “Kirsty Sword-Gusmão recordou como a GNR a salvou, ao marido e aos três filhos da morte certa a 11 de Fevereiro de 2008”.

Possivelmente esta senhora está convencida que está a falar para analfabetos e/ou para pessoas que não pensam pela sua própria cabeça, que não sabem apanhar mais depressa um mentiroso do que um coxo. Assim, acabou por borrar a pintura toda, quero dizer, a visita e os seus verdadeiros objectivos, indiciados egoístas, de mau gosto e reveladores de má formação – por se aproveitar das carências dos desamparados para promover os seus interesses, da família e afins.

Em primeiro lugar, sabemos que a GNR quando chegou ao local do alegado “ataque” já Xanana Gusmão não estava na estrada em que, também alegadamente, fora “atacado”, mas sim em Díli. Então, como é que a GNR o salvou? Está a agradecer por nada? Exagerando?

Em segundo lugar, se efectivamente a família de Xanana Gusmão estivesse a correr riscos ele não voltaria atrás para os defender? Não estava ele pertíssimo de casa? Terá deixado a família a ser atacada para rumar a Díli? É um mau chefe-de-família? Cada um por si?

Em terceiro lugar, seria bom que mais não dissesse sobre toda esta fantochada em que não há vivalma com os cinco alqueires bem medidos que possa acreditar. Aliás, as dúvidas são devidas às contradições declaradas por Kirsty e Xanana quase logo na primeira hora. Primeiro não havia telemóveis, depois já havia, a segurança tinha fugido, depois já não tinha, etc. Certamente que não é por acaso que quase um ano e meio depois tudo está no limbo das gavetas da “justiça” timorense. Não tem sido por acaso que temos assistido às confrontações e saneamentos com determinados juízes. Nada está a acontecer por acaso relativamente ao teatro de 11 de Fevereiro de 2008. As visitas a Salsinha também não serão por acaso, nem a morte de Alfredo Reinado, nem a considerada figura bode-expiatório Angelita Pires, etc., etc., etc.

Sim, senhores, e senhoras, a Embaixadora da Boa Vontade, Kirsty Sword, veio uma vez mais demonstrar que nela não podemos acreditar, pese nisto a sua falta de bom-senso ao prestar-se a desenterrar os “cadáveres” do 11 de Fevereiro… que têm sempre jogado contra si e seu marido, e assim será até que a verdade venha a público e prove o contrário, se um dia vier. Seja como for, o evidente é evidente. Também Ana Gomes devia saber isso e não inventar mais despesas para os pategos dos portugueses terem de pagar, se é o caso.

Quando quisermos ir ao teatro pagamos o bilhete e vamos. Na nossa praça há bons actores e até nem nos desiludem, como Kirsty ou como Xanana Gusmão o têm feito, já nos bastam os políticos portugueses.
.

Sem comentários: