sábado, 20 de junho de 2009

DEFENDER O TEJO É DEFENDER LISBOA

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A apatia da maioria dos portugueses relativamente ao que se passa no outro lado da fronteira, quanto à poluição dos rios que também são parte de Portugal e que comummente partilhamos, tem os dias contados.

Hoje, ainda agora, está a ser bem claro que portugueses e espanhóis estão a ficar bastante atentos às políticas implementadas pelos governos dos dois países e ao facilitismo que têm dado às empresas poluidoras desses mesmo rios, concretamente, o rio Minho, o rio Douro, o rio Tejo e o rio Guadiana.

Se não são os grandes empresários que compram os ministros quando instalam as suas empresas poluidoras sem atentarem para todos os requisitos de preservação do ambiente e também dos efluentes criminosos que despejam nos cursos de água, são os ministros que se estão borrifando para a preservação do ambiente. Tanto uma como outra hipótese são bastante graves e parece que mais nenhuma resta, a não que os ministros sejam uns tatans incompetentes que nem sabem da importância que as medidas ambientais de defesa do ambiente devem ser cumpridas e que urge implementar leis nesse sentido, que devem ser escrupulosamente observadas, com punições judiciais suficientemente gravosas para que desincentivem os empresários de lucro fácil a não cometerem os crimes ambientais que por todo o lado se vêem. Não só aos empresários se devem cingir essas pesadas punições mas também às autarquias, aos cidadãos em geral.

Na verdade os cidadãos estão-se a dar conta de que resta muito pouco tempo para pôr cobro aos abusos e crimes ecológicos, prova disso temos na notícia que se segue e que refere a grande quantidade de defensores do ambiente que se juntaram em defesa do Tejo na parte de lá da fronteira, em Espanha. Mais espanhóis que portugueses, é certo, mas também com um número bastante razoável de portugueses que tiveram interesse de irem manifestar-se. Afinal o Tejo também é nosso e se os lisboetas se esquecerem disso, que desfrutam do seu estuário quotidianamente, não o defendendo, não participando na sua defesa, bem podem contar com um estuário de água choca daqui por mais alguns anos.

A apatia dos portugueses e, neste caso do Tejo, dos lisboetas, não pode continuar. Afinal, defender o Tejo é defender Lisboa

Portugueses e espanhóis manifestam-se em defesa do rio Tejo

Lusa

Dezenas de tractores e inúmeros caiaques deram cor aos mais de 30 mil manifestantes que hoje se concentraram na localidade de Talavera de La Reina (Espanha), em defesa do rio Tejo e de uma nova cultura da água.

Meia centena de organizações, de Portugal e de Espanha, participaram no protesto que contesta o actual transvase do Tejo para o Segura e rejeita mais desvios de água do rio que afirmam estar a "morrer" e a "secar".

"Temos aqui uma garrafa da água que vai para o Segura, recolhida da barragem de Entrepeñas. Esta é a água limpa que se desvia e que deveria passar por aqui", disse aos manifestante Miguel Mendez, um dos promotores do protesto.

Convocada pela "Plataforma em Defesa do Tejo e do Alberche", a manifestação representou uma ampla unidade de praticamente todas as forças sociais, culturais e políticas da região. De forma algo insólita, o protesto caracterizou-se pela presença de bandeiras dos principais partidos espanhóis - PSOE, PP e IU - bem como de organizações empresariais e sindicais, e de representantes de organizações agrícolas e ambientais.

"Este é o princípio da mudança, um antes e um depois na defesa do Tejo, que está a secar e a morrer", disse à Lusa, José Francisco Ribas, presidente da autarquia local. "A sensibilidade plural da sociedade de Castela la Mancha e destas terras uniu-se para, com uma só voz, explicar que isto não pode continuar", disse.

Um dos momentos mais aplaudidos do protesto ocorreu quando duas dezenas de tractores agrícolas, em representação da Comunidade de Regantes, se uniram à manifestação. "O nosso rio, e as nossas águas, não são de ninguém. Mas nós, povos ribeirinhos, somos do Tejo. Somos o seu espelho, e lutamos pela sua dignidade e sobrevivência. Sem ele perdemos a nossa identidade", sublinhou.

Presente no protesto esteve o município de Vila Nova da Barquinha, que como explicou o presidente da autarquia, Miguel Pombeiro, "tinha que se associar" a este protesto. "Estamos a falar de um rio internacional, um património comum. O Tejo é tão importante para Espanha como para Portugal", disse.

Considerando "prioridade das prioridades" evitar que se aprovem mais transvazes do Tejo, o autarca aponta crescentes problemas no rio. "As pessoas que vivem o Tejo todos os dias notam que os caudais estão a diminuir. Temos estruturas fluviais construídas há poucos anos que em alguns períodos ficam secas. Temos que lutar por um Tejo vivo e com os seus caudais naturais", frisou.

Sob o lema "Pelos nossos rios, pelo nosso futuro", o manifesto aposta na unidade em defesa do Tejo, para defesa dos recursos naturais ribeirinhos.
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