sábado, 21 de novembro de 2009

DESUMANIDADE

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Ler jornais é um suplício em inúmeros aspectos, ouvir noticiários na rádio… temos de saber escolher, porque senão assistimos ao mau trato do português falado e à apresentação de notícias que mais parecem boletins oficiais do governo ou de alguns partidos que provavelmente têm por lá uma direcção de informação simpatizante, ver telejornais… Por favor, isso não, só se for para ver os “bonecos” em modo mudo, sem som. Dito isto, mas onde é que estão os jornalistas?

“O melhor é calares-te pá!” Disse mestre Norberto Lopes, lá do outro lado da vida, a que chamam morte. Apesar de para alguns ele continuar na galeria dos vivos e me parecer que certos que aparecem nos ecrans de tvs e a assinar nos jornais ou a grasnar nas rádios é que estão mortos, por terem vendido a alma ao diabo, ou às chefias, ou ao tipo que lhes garanta um tacho que lhe permita receber o suficiente para pagar o “caixote” onde habita e aparentar-se classe média-alta… até um dia. Até se esquecem de exigir os seus direitos de profissão: informar com rigor, optando por fazerem de conta que o fazem.

“Deixa-te dessas coisas. Guarda isso para outra oportunidade”, resmungou.

Sim Mestre, mas vou pensar em tudo muito bem e com as minhas limitações quero ver se aprofundo o tema, respondi. Acho que ele sorriu porque sabe que sou teimoso.

Comecemos de outro modo:

È preocupante e comporta imensa desilusão sabermos que humanos, homens e mulheres, cometem enormes barbaridades unicamente pelo vil metal, o dinheiro, o ouro, os diamantes, o petróleo, etc. O lucro justifica tudo e ficamos a saber que a vida dos outros, para esses desumanos, não vale nada.

Tomar conhecimento da notícia que ontem era divulgada no Jornal de Notícias – mais em baixo reproduzida – só confirma esse sentir e leva-nos a pôr em dúvida se devemos e quanto devemos, acreditar na espécie humana. Tanta é a desumanidade praticada que surpreendo-me a pensar se não deveríamos reformular a denominação da espécie humana para desumana, por ser tanto contra a humanidade a cada passo e circunstâncias. Apesar de os humanos poderem ainda ser a maioria (são?) percebe-se que estão a ser devorados com osso e tudo, não escapando nada, nem a gordura. Pela gordura humana há quem mate. Tal como por ouro, petróleo, rins, etc, etc.

É coisa de desumanos, não é?

E jornalistas que omitem factos, que os ignoram, que os deturpam, manipulam, que se esquecem da coluna vertebral em casa e andam pelas redacções a rastejar? É coisa de desumanos, não?

“Cala-te, rapaz!”

Sim Mestre, senhor.

GANGUE PERUANO VENDIA GORDURA HUMANA

Jornal de Notícias – 20 Novembro 2009

Uma rede que se dedicava a sequestrar e esquartejar pessoas, para lhes extrair gordura e vendê-la a fabricantes europeus de cosméticos, começou a ser desmantelada pela polícia peruana. Desconhece-se o número de vítimas.

A detenção de quatro indivíduos que alegadamente pertencem ao gangue “Los Pishtacos del Huallaga” foi anunciada, esta quinta-feira, pelo responsável da Direcção de Investigação Criminal, general Felix Murga.

A rede seria constituída por dez elementos, sete identificados (um a cumprir pena, três detidos e três foragidos) e três desconhecidos. Os suspeitos penduravam os corpos esquartejados em ganchos de metal e derretiam a gordura, decantando-a de impurezas, para a vender a 15 mil dólares (cerca de dez mil euros) o litro, de acordo com informações policiais.

Ao que tudo indica, os “pishtacos” – termo associado ao mito andino sobre bandidos que degolam humanos para comer a carne e vender a gordura – integram “uma rede internacional”, especulou o general Murga, apoiando-se nos elevados valores a que as transacções eram realizadas.

A investigação foi espoletada no início do mês, quando foi detido um alegado membro do gangue a levantar numa empresa de transporte um recipiente de plástico, que continha a gordura extraída da única vítima comprovada até agora, Abel Matos, assassinado em meados de Setembro.

Os detidos já admitiram o sequestro de cinco pessoas, mas o número total de vítimas pode variar entre 60 e 200, já que o seu líder, Hilario C.S., dedicava-se a estas actividades há mais de 30 anos.

Os interrogatórios revelaram que o gangue tinha 17 litros de gordura humana em reserva e já procuravam compradores, provavelmente intermediários com ligações a empresas de cosméticos.
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