domingo, 24 de outubro de 2010

À PROCURA DA VIRGINDADE

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VEJO-VOS A TRABALHAR O DIA INTEIRO

Camões, o Luíz Vaz de, era um pândego, um boémio, um bom garfo e melhor copo, um namoradeiro, um faz filhos a eito, aventureiro, esbanjador, critica severo da realeza, das elites saqueadoras, seus seguidores e políticos da época. Camões era português. Homem de letras que, como quase todos os portugueses, merecia o desprezo dos do poder e das elites. Afinal, descendentes dessas mesmas elites, os filhos, os netos, os bisnetos, souberam devolver a importância merecida ao escritor, poeta, ao homem dos Cantos.

Não se diga que Camões não tenha falecido virgem. Virgem foi-se. O que lhe negaram foi a dignidade, na vida e na morte. Morte que o surpreendeu na miséria. O que acontecia e acontece com a maioria dos portugueses desassossegados que escrevem ou falam sem peias, sem atender a donos. Grandes obras literárias recheiam a literatura antiga e actual de Portugal, fruto de autores desassossegados, críticos dos políticos e das elites de então e de agora. Quase todos encontraram a virgindade.

Neste caso a virgindade corresponde à honestidade e justeza com que escrevem. Sem atender a donos das suas prosas ou dos seus poemas. Olhando, capturando e transmitindo a realidade pura e dura sem se preocuparem com o Politicamente Correto, sempre tão conveniente para alguns. E se temos bons escritores a vender as suas prosas ao Diabo! Caramba! Considerando os jornalistas como oficiais da prosa e por isso escritores… De certeza que esses jamais encontrarão a virgindade. Substituem-na pela Voz do Dono.

As razões porque assim é devem-se às suas sobrevivências e de suas famílias. Encostaram-nos à parede e a auto-censura, até em pequenas coisas, é uma constante que os penetra e esburaca como violador desumano que sente prazer no ato de magoar, de tornar submissos os que pensam e sabem estar errados. Digamos que nada de especial acontece, afinal são violadores “democráticos” que possuem grupos de comunicação social que sempre que lhes convém fazem das mentiras verdades e das verdades mentiras. E os atores estão sempre submissos, atentos e venerandos, obrigados. Jamais se rebelam e partem para a miséria como Camões, como outros. Como contemporâneos do estilo de tantos bons escritores e poetas, bons jornalistas, que não passam de incógnitos, de “assunto arrumado”, por via de serem desassossegados. Virgens.

Não é difícil imaginar que são imensos os e as que nas áreas supra citadas gostariam de manter ou recuperar a virgindade. Mas qual o quê, logo de seguida a miséria espera-os (as)…

Como vos compreendo, apesar de não resistir a criticar-vos. Desculpem-me.

QUE FORÇA É ESSA? - ouvir
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