segunda-feira, 23 de maio de 2011

Timor: ONU SÓ REVELA DITADOR NO NONO ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA




No passado dia 20 foi dia da festa nacional de comemoração de 9 anos de independência de Timor Leste. Já lá vai o dia 20 e estas são as primeiras horas, os primeiros dias, do caminho a percorrer para o décimo aniversário da independência do país, sacramentada e reconhecida por toda a comunidade internacional. Em Maio de 2012 Timor-Leste estará em efervescência e à beira do período eleitoral para as Presidenciais e Legislativas. Será ano de grande rebuliço, ao contrário deste, em que as comemorações decorreram sem “casos”, para além dos ditos e mexericos provocados por um relatório da ONU que, segundo parece, pela primeira vez faz constar a verdade acerca do caráter de Xanana Gusmão. Não que para os responsáveis de topo da ONU em Timor-Leste e na sede isso fosse novidade. Porém, ao que julgamos nunca tinha sido registado preto no branco em relatório que deve ser tomado em consideração, ao menos desta vez. Agora, que nem Hasegawa nem Atul Kahre estão para encobrir o golpista e ditador que quase sempre se alapa em máscaras que sabe serem do agrado dos que o escutam e vêem. Xanana Gusmão além de bom ator é um bom executante e mestre do disfarce. O que convém nos políticos inescrupulosos quando se formam e que nele é inato.

Para quem se recusa a aceitar verdades afirmadas por vários elementos do coletivo da Fábrica dos Blogues, no Timor Lorosae Nação, principalmente no blogue que pertencia à primeira edição, de 2006 a 2010, talvez o relatório “secreto” da ONU possa agora contribuir um pouco mais para dissipar dúvidas e até doentios refúgios na negação. Obviamente que Xanana Gusmão representa desde a independência do país até à atualidade uma enorme desilusão. Foi exatamente isso que viemos sempre afirmando e demonstrando, baseados em exemplos bastante reais e proporcionados pelo próprio Xanana Gusmão publicamente. Assim, de repente, podemos recordar a ameaça direta e intempestiva que ele fez aos jornalistas que convocou porque haviam reportado as palavras do major Alfredo Reinado em que o responsabilizava ser mentor e principal responsável pelos acontecimentos que visaram a queda do governo legítimo de Mari Alkatiri, quando era então Gusmão PR e Comandante Supremo das Forças Armadas. O golpe de estado de 2006. Ora só um ditador, um anticonstitucionalista, teria o pejo de ameaçar profissionais da comunicação social com prisão sumária. E só profissionais temerosos se calariam. Na época, em Timor-Leste, houve os que realmente se calaram e a partir daí tudo passou a ser tratado de “pantufas” no que estava relacionado com Alfredo Reinado, o major que declarou que se fosse julgado e condenado, Xanana seria condenado por mais tempo.

A Alfredo Reinado, como ao militar de confiança que sempre o acompanhava, Leopoldino Exposto, o atrevimento valeu-lhes a execução no jardim da casa de Ramos Horta - onde foram atraídos em flagrante emboscada na manhã de 11 de Fevereiro de 2008. Provas que constavam na autópsia que o coletivo de juízes do Tribunal de Díli tudo fez para ignorar, como habitualmente acontece em regimes em que se temem ditadores e anti-constitucionalistas. Sobre isto muito haveria a repetir mas já foi dito durante vários anos e será por muitos mais, até deixar de cair em saco roto e em aparente esquecimento…

O que nos diz o relatório da ONU, agora divulgado, é que Xanana Gusmão é um elemento perigoso que ameaça as liberdades, a justiça e a democracia em Timor-Leste. Não sendo novidade, sendo aquilo que repetidamente tem sido afirmado por nós com alguma veemência, assim como por outros – quase sempre em circulo fechado – que não sendo seus opositores, mas sim indivíduos entendidos e experientes, acabam por “reconhecer os defeitos perniciosos para a democracia” do atual PM timorense.

Ficou demonstrado uma vez mais o que é e quem é Xanana Gusmão quando respondeu ao constante no polémico mas correto e pertinente relatório. Espontaneamente o praticante e adepto de inconstitucionalidades disse que os da ONU “Façam as malas e vão para o Iraque ou Afeganistão”. E lá usou dos argumentos e prosápias que podem verificar, manipulando com base numa ou noutra verdade, sendo inexato, usando inverdades e pretendendo, com ingratidão, que se ignorem os fatores positivos que a presença da ONU teve para com Timor-Leste. É agora que são todos uns malandros e parasitas, sem ressalvas. Porque houve quem não lhe aparasse os golpes e tornasse oficial a enfermidade de caráter de Gusmão. Como já devia há muito ter sido feito, porque ao não o fazerem corremos o risco de estar a “fabricar monstros”. Sabemos que isso não acontece pela primeira vez. Antes pelo contrário, de volta meia repete~se em África e noutras partes do mundo. Ora se há coisa que deve aborrecer a comunidade internacional, representada pela ONU, em Timor-Leste como noutras partes do mundo, é contribuir para o “fabrico” de monstros políticos que mais cedo que tarde acabam por subjugar povos, atropelar as legalidades nacionais e internacionais, cometer atrocidades imensuráveis.

Pelo constante no relatório Xanana Gusmão devia de ter tido uma atitude de reconhecimento às constatações relatadas e tomá-las por críticas objetivas, merecedoras da sua atenção e empenho em se corrigir, praticando e demonstrando o contrário a partir deste momento – auto-analisando-se e auto-criticando-se. Fazendo psicanálise. Porque não? Porque os ditadores, os dos entraves às legalidades, aos preceitos constitucionais, à justiça elaborada democraticamente, não possuem a peculiaridade de assim proceder. São absolutos, julgam-se deuses, julgam-se sempre justos, infalíveis, detentores da razão perpétua, mais sabedores, omnipotentes e omnipresentes através de informadores e de outros indivíduos, manipulados, subjugados e quase sempre ao seu serviço.

Como devia, politicamente, Ramos Horta, na qualidade de PR, veio a terreiro em defesa do PM Xanana Gusmão. Ora Ramos Horta não é estúpido e sabe que no relatório estão inscritas verdades. Pese embora que o próprio também tem no seu “cadastro” o cometimento de algumas inconstitucionalidades. Conhecidas e pelos nossos blogues e imprensa domada descritas. Para não provocar um alongamento exagerado da prosa é melhor ficar por aqui.

Em “Presidente indignado com documento da missão da ONU que aponta PM como obstáculo” podemos ler em lauda da Lusa que Horta manifesta "indignação com a inaceitável pseudo-análise inventada por um burocrata da UNMIT referindo-se à liderança do primeiro-ministro Xanana Gusmão". E que mais à frente afirma que "Ninguém neste país, ou na região, está mais empenhado do que o primeiro-ministro Xanana Gusmão na democracia, no primado da lei e na paz". Não é verdade. E Horta sabe isso. Houve fase em que ele próprio “pulou a cerca” da legalidade e implantaram “esquemas paralelos”, caso do MUNJ, de que já nem se ouve falar, sendo argumentado que foi criado para “torpedear” Alfredo Reinado e… E conseguiram. E os do MUNJ na atualidade onde estão? Como vivem? O que fazem? Que bens possuem? Cadê o MUNJ?

Temos assim que aos 9 anos de independência Timor-Leste já tem umas quantas histórias sujas para contar e que também por razão dessas práticas é que existe o relatório que aponta Xanana Gusmão como individuo “considerado obstáculo para a democracia em relatório da ONU”. O ideal era que, pelo menos, fosse reconhecida alguma razão de existir ao constante no relatório e que PR e PM procedessem às devidas correções nas suas práticas de se armarem em todos-poderosos, como já por várias vezes aconteceu e assistimos. Incluindo Ramos Horta.

Sendo verdade que o parasitarismo e flagrante oportunismo está colado à pele e às entranhas de certos elementos da ONU, na UNMIT e noutras partes do mundo, temos de saber reconhecer que nem tudo tem sido negativo e que no seu quadro de colaboradores existiram e existem elementos valiosos que têm contribuído para melhorar a situação de Timor-Leste e dos timorenses. Só o indivíduo descrito no polémico relatório é que se enquadra no perfil de agora declarar que “vão para o Iraque e Afeganistão”. Como o peixe, Xanana Gusmão “morre pela boca” vezes demais. Revela-se, também por palavras, o que na realidade é. E que pretende esconder por saber ser reprovável por muitos que ainda o admiram e pelos anónimos ou não que lhe guardam desilusão. Não fosse conhecermos-lhe a falsa modéstia, a arte de bem representar, e talvez um dia ainda voltássemos a acreditar nele por razões e por atos que demonstrasse honestamente. Difícil, mas não impossível. Ainda agora o país é uma “criança”, nem chegou à adolescência. Chegará com o próximo governo, que governará até 2017. Então teremos oportunidade de saber se o crescimento do jovem é promissor e se se funda em alicerces de justiça, empregos, paz, pão, democracia e liberdade. Se assim acontecer será um país a sério e a Pátria que os timorenses merecem.

*Do autor do blogue com original em PÁGINA GLOBAL – Aqui com adaptação atualizada relativamente às datas.

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