Muito boas alminhas ainda hoje estão para saber a razão porque José Ramos Horta nomeou Kisrty Sword Gusmão Embaixadora da Educação de Timor-Leste sabendo que a perspicaz dama exala por todos os poros a componente do lóbi anglófono que sistematicamente procurou, procura e procurará por todos os meios possíveis e imaginários levar a sua avante em pôr os timorenses a falar inglês obrigatoriamente como língua oficial de Timor-Leste. Possivelmente Ramos Horta quis acalentar a senhora pelo facto de deixar de ser primeira-dama do país devido a seu untuoso esposo, Xanana Gusmão, ter sido nomeado primeiro-ministro e deixado de ser presidente da República, cargo que então, em 2008, passou a pertencer a Ramos Horta por eleição.
Se é verdade que devemos acalentar os amigos, ainda mais as amigas, não menos verdade é que em cargos políticos não se pode nem deve facilitar e fazer de simples soldados generais. Ser amigo e gentil a esse ponto pode prejudicar seriamente um país e levá-lo para esferas de influência extremamente nocivas. Era o que podia e pode acontecer se Kirsty Sword Gusmão, Xanana Gusmão (como é afirmado pelo Hoje Macau) e restante grupelho do lóbi anglófono conseguir um pequeno espaço de manobra para primeiro mandar o português às urtigas pretextando isto ou aquilo e até se necessário para salvar o tétum, e depois, anos passados, mandar o tétum e as “línguas maternas” pelo mesmo caminho. É que os anglófonos mais radicais, os da Austrália são isso, têm o permanente sonho de rebentar com todas as culturas e impor as suas, falando-se globalmente apenas em inglês. Historicamente está provado e na prática também, nada nos impede de constatar inúmeras tentativas e muitos sucessos nesse sentido.
Para os que desconhecem, apareceu há uns meses uma nova tentativa de deitar para o caneiro a língua portuguesa em Timor-Leste por iniciativa e manobras encabeçadas por Kirsty Sword Gusmão, desta vez com o apoio implícito e conhecido de Xanana Gusmão na sua qualidade de marido da dama e primeiro-ministro. Das manobras de Kirsty temos dado aqui a relevância possível. Todos podem atualizar-se em Timor-Língua, isto relativamente às manobras mais recentes.
Anos, meses a fio nesta última manobra Kirsty-Xanana, foi falado e refalado aquilo que se estava a passar na erradicação do ensino da língua portuguesa nos primeiros anos escolares básicos… Disso, sobre isso, a Agência Lusa nem uma palavra citou (salvo erro e sem exageros). O Jornal Digital, da PNN, o Hoje Macau e pouco mais, foram os únicos da imprensa online a fazer referência sobre o assunto (salvo erro). De resto foram blogues que de algum modo mostraram a insistência de Kirsty Sword Gusmão na sua luta contra o português (o tétum viria por objetivo ou virá a seguir) a favor da sua língua Mátria, o inglês. Não deixa de ser igualmente estranho que a Lusa também não refira nada sobre o fracasso desta última tentativa de abalroamento ao português em Timor-Leste pela dama Kirsty Gusmão e o seu lóbi. Felizmente o Hoje Macau foi sensível ao que se estava a passar e fez público o que devia. Uma vez mais Kirsty Gusmão foi desmascarada. Valha também e principalmente os esforços feitos na blogosfera na denúncia sobre o complô que se desenhava e já tinha tomado letra de forma na secretária do primeiro-ministro.
Para melhor esclarecimentos sobre mais este fracasso do lóbi anglófono em Timor-Leste será obrigatório ler o título Timor-Leste: Projecto de abolir ensino básico da Língua Portuguesa nas escolas não avança, compilado no Página Global mas com origem no jornal Hoje Macau, da autoria de Joana Freitas. Um ótimo serviço prestado à língua portuguesa no seu todo e a Timor-Leste na parte que lhe toca e lhe garante a defesa da sua cultura, longe que quer ficar dos exterminadores culturais anglófonos.
Logo na abertura o Hoje Macau escreve: “Não passou de uma intenção a proposta de abolição da Língua Portuguesa do ensino básico de Timor-Leste. A notícia foi confirmada ontem ao Hoje Macau por uma fonte próxima da Presidência da República daquele país
Em Setembro, o Hoje Macau divulgou a intenção proposta por Xanana e Kirsty Gusmão, primeiro-ministro de Timor-Leste e esposa, em terminar com o ensino do português nas escolas básicas, numa notícia primeiramente avançada pela imprensa timorense.
Na altura, o Conselho de Ministros estaria já em vias de preparação do diploma legal que aprovaria a decisão de abolir aquela que, desde 2002, é língua oficial em Timor-Leste.
Mas ao que tudo indica, o projecto “fracassou por completo”, disse fonte próxima da Presidência do país ao Hoje Macau. A justificação é simples: “era uma iniciativa australiana que esbarrou no argumento de que o povo [australiano] que marginalizou por completo mais de 200 línguas aborígenes e obrigou os seus indígenas à formação em inglês não estaria em condições para dar lições aos timorenses”.”
Pela primeira vez a presidência timorense tomou uma posição coerente, de interesse nacional e de denúncia sobre os ataques sistemáticos que Kisty Sword Gusmão faz à língua portuguesa em prol do reconhecimento e implantação da língua inglesa em Timor-Leste, reconhecida constitucionalmente como é o português e o tétum. Tanto quanto se espera de Kirsty este é um “cavalo de batalha” que ainda não perdeu nenhum casco, portanto vai continuar a cavalgar depois de um repouso. É que a dama não é pessoa de desistir perante dificuldades, nem perante o óbvio, como está a ser evidente.
Uma vez que a presidência timorense afirma o que afirmou e o Hoje Macau divulgou, facilmente se conclui que Kirsty Gusmão não tinha absolutamente nada de ser nomeada Embaixadora da Educação, foi o mesmo que meter a raposa a guardar o galinheiro. Também não podemos acreditar que José Ramos Horta desconhecia ou desconhece os objetivos da sua amiga Kirsty, logo por isso a sua atitude merece crítica, por estar a pôr em risco a educação em Timor-Leste ao nomear uma figadal adversária da oficial língua portuguesa e do tétum (seria a seguir) no país. Depois da crítica o lugar deve ser ocupado pelo elogio à decisão correta em defesa da cultura e linguística timorense. Não por a não erradicação do português mas sim porque o português pode também ser escudo protetor do tétum enquanto aquela língua materna se mantiver em desenvolvimento estrutural. O tétum e até mesmo as outras línguas maternas, que devem ser devidamente protegidas e ensinadas.
Nas feiras, nos carrocéis, nos carrinhos de choque, como eram chamados, uma voz dizia no sistema de som: “Nova corrida, nova viagem”. Acreditem que é o que se deve dizer sobre um já esperado novo plano “arquitetónico” baseado na manha de Kirty Sword Gusmão. Não será desta, nem nunca, que vai desistir. Tiremos-lhe o chapéu. Por isso uma vez lhe disse por escrito, em resposta a um escrito da dama, que para mim ela era “uma agradável surpresa”. Porque é, quem não gosta dos que dão luta e tentam endrominar-nos? Mas também é perigosa, podem crer. Fala a experiência. Por agora podemos dizer no português popular que o projeto linguístico de Kirsty “foi com os porcos”. Deu em nada… Até à próxima.
XANANA HONORIS CAUSA
Há alguns meses atrás Xanana Gusmão esteve em Portugal e foi feito Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, pela defesa e apego à língua portuguesa. Isto, assim, apesar de ele querer facilitar o caminho à exclusão do ensino da língua portuguesa no ensino básico sob um pretexto esfarrapado da defesa das línguas maternas e ter a sentença de morte da língua portuguesa na sua secretária para assinar, aprovar e dar o golpe mortal. O proponente, disseram os jornais desse tempo, foi Eduardo Lourenço. Será legítmo perguntar o que foi que Lourenço andou a beber ou a fumar quando apresentou a proposta? E agora, uma vez a golpada desmascarada vão pedir de volta o Honoris Causa ao golpista?
*Também publicado em Página Global
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