sábado, 26 de abril de 2008

CONFUSO... OU TALVEZ NÃO


Conseguir formar opinião sobre a gravidade dos atentados à vida de Ramos Horta e Xanana Gusmão não é fácil e recuso-me a admitir as ideias simplistas de que esta foi mais uma golpada de Xanana, que correu mal relativamente à vertente de quase terem assassinado José Ramos Horta, o legitimo presidente da RDTL.
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Contrariamente às críticas que tecem à Fretilin – já para não referir nas acusações de cambalacho, considero que os seus detractores podem deitar para o caixote do lixo a “nódoa” de que a Fretilin não reconhece legitimidade a este governo da AMP ou ao seu primeiro-ministro. Isto, porque foi dito explicitamente, por Mari Alkatiri, que os atentados não visaram Horta e Xanana mas sim o presidente da República e o primeiro-ministro de Timor-Leste.
Ora aqui têm o reconhecimento do facto e a prova de que o seu não reconhecimento não passava de uma figura de retórica que habitualmente á usada em política mas não passa disso.
Aliás, as declarações bastante responsáveis e patrióticas da Fretilin por certo estão a contribuir bastante para a calma que se está a registar em Díli, a par das medidas excepcionais que estão a ser tomadas pelo governo com as revistas, os controles e o recolher obrigatório.
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Então de onde vêm tantas acusações loucas sobre a culpabilidade da Fretilin nos atentados?Está na cara que são os integracionistas quem está a gerá-las. Esses e todos que até agora têm operado para a ingovernabilidade do país, onde incluo sem problemas de estar a ser impreciso a Austrália, os agentes australianos no terreno, os agentes norte americanos no terreno e que estão alapados, alguns deles, na USAID, mas qual é a dúvida?
O interesse é óbvio.
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Evidentemente que há muitas dúvidas e elas assaltam até à indisposição. Evidentemente que Xanana vai querer recolher todos os lucros possíveis desta situação, mas daí a tê-la engendrado… por favor.
Vai aproveitá-la e de que maneira. Nem Xanana terá problema algum em “atropelar” Ramos Horta se preciso for. Ele acha-se o único e fiel depositário dos destinos do país mas como é um grande bronco vai entregando de barato o país aos que o querem saquear. Será tarde quando disso se aperceber e então tudo cairá. Possivelmente até o seu casamento!
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Não vou fazer como a Ana Loro Metan, que recusa pronunciar-se nos tempos mais próximos por se considerar ferida – diria muito chocada – com o que se passou sobre os atentados. Vou ficar à espera de entender que nova cartada foi jogada e até que ponto o seu insucesso vai ser reciclado para reforçar ainda mais o predomínio australiano no país e que agentes timorenses se prestam a isso.
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Sabemos que Horta e Xanana já o fizeram, mas que agora merecem o benefício da dúvida, por terem a possibilidade de, com isto, se aperceberem de quem são de facto os inimigos de Timor – todos os que pactuam com os interesses norte-americanos, australianos e indonésios.
Relacionarem-se diplomaticamente é uma coisa, entregarem o país, a soberania, o orgulho de serem timorenses é outra. Nem Xanana tem de ir a funerais de assassinos maiores que Reinado – Suharto – nem Horta tem de andar a lamber o cú aos norte-americanos e australianos. As promiscuidades têm de acabar. Os australianos devem regressar à Austrália, assim como todos os outros que só desestabilizam sob a capa de humanitários e amigos do peito.
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Os tempos são de expectativa sobre quase tudo. Também sobre se Xanana não irá meter os pés pelas mãos e aproveitar-se da situação para deixar que destruam o bastião do nacionalismo timorense, a Fretilin. Foi ele que já tudo fez para destrui-la, é ele que agora deve procurar preservá-la dos mortais inimigos de Timor-Leste.
Tenho algumas certezas e… tristezas, mas estou confuso. O que aconteceu abala tudo e todos.
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Também publicado em Timor Lorosae Nação

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