sábado, 26 de abril de 2008

“HORTA ESTÁ A OITENTA POR CENTO, NÃO TARDA ESTÁ A CEM!”


VERDADE E JUSTIÇA PARA DEPOIS DA FESTA

A festa não é na Mouraria mas sim em Timor-Leste e principalmente em Díli. Podem crer que vai haver festa de arromba e Horta irá ficar estupefacto com aquilo que lhe preparam para o receber. O morto-vivo merece-o. O milagre aconteceu. Isto a acreditar na conversa que tive com Díli, ainda hoje cá e já amanhã por lá.

Impressiona-me como os povos e também os timorenses dão a volta às vicissitudes tornando-as efémeras. Combatendo-as com antídotos de alegria, de agarrar no positivo e seguir para a frente, não querendo olhar para trás.
“Tenham cuidado”, disse eu. “Não podem esquecer que é importante descobrir a verdade, saber quem são os principais responsáveis pelo que aconteceu em 11 de Fevereiro”.
Dizer disse, mas qual quê, quem me ouviu?!
“Horta está a oitenta por cento, não tarda está a cem!”, foi a resposta esfusiante que recebi.

Pronto, está bem. Onde é que existe um povo melhor que este? Igual pode haver… mas melhor nem pensar!
Todas as patifarias que lhes têm feito têm passado para trás. Superam os traumas procurando esquecer o que de muito mau aconteceu, perdoando, oferecendo-se com uma humildade e uma satisfação inimagináveis.
Se a partir de agora todos, mas todos, fossem honestos e justos, este povo esquecia tudo e caminhava a passos de Gulliver para a democracia, para o progresso e para um país onde não caberia o orgulho e o bem-estar construídos com tanto sacrifício.

O meu temor é sempre o mesmo e a pergunta que sempre faço, depois de algo de muito mau parecer estar a desvanecer-se, também é sempre a mesma: o que é que de terrível irá acontecer a seguir? Quando é que este povo terá a paz e tudo aquilo que de bom merece?
Era excelente que desta vez tudo encarrilasse e a construção do país não sofresse mais “dores de crescimento” tão dolorosas e injustas – como Lere Anan disse.
É que para isso, a justiça tem de ser feita e os verdadeiros culpados de muitas das “dores de crescimento” têm de ir para Becora, não para o Parlamento, não para os Palácios, não para as Embaixadas e similares. Só com justiça poderá haver liberdade a sério - a paz, o pão, saúde e educação – tal qual canta Sérgio Godinho.
Depois da festa, façam o que têm a fazer: exijam VERDADE E JUSTIÇA!

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