sábado, 14 de junho de 2008

"Dia da Raça": PR CAVACO SILVA NÃO SE DESCOSE

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Cavaco Silva, de visita a Espanha para participar na inauguração da Expo2008, voltou a rodear a questão relacionada com as suas declarações sobre o termo "Dia da Raça" que proferiu no passado 10 de Junho. Explicações sobre a expressão que utilizou... NADA, é tabu.
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Cavaco faz-me lembrar cada vez mais o primeiro-ministro Cavaco Silva de há uns anos, que fazia tabu por tudo e por nada. Era o que diziam, mas para muitos não era uma questão de tabu e sim o perigoso "eu é que sei", "deixem-me trabalhar" e outras mais que ficaram para a história... Está bem diferente dos primeiros tempos de Presidência, em que parecia mais humanizado, democratizado, mais solto, menos com o aspecto de ter engolido um garfo...
Julgo concluir bem que afinal agora está a ser coerente e honesto consigo próprio e menos com os que eventualmente com ele se possam ter iludido, sendo destes a responsabilidade de se terem iludido.
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Na tentativa de obter uma explicação para o "Dia da Raça", os partidos com representação parlamentar na AR, BE e PCP, solicitaram uma explicação ao Presidente da República. Disso nos deu hoje conta a TSF:
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ESQUERDA EXIGE EXPLICAÇÕES
A CAVACO POR USAR EXPRESSÃO "DIA DA RAÇA"
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O BE exigiu, esta segunda-feira, explicações ao Presidente da República por ter-se referido ao 10 de Junho como «dia da raça», recuperando uma expressão conotada com o Antigo Regime. A posição bloquista foi entretanto partilhada pelo PCP.
O deputado bloquista Fernando Rosas exigiu, esta segunda-feira, uma explicação ao Presidente da República pelo facto de ter usado a designação «dia da raça» ao referir-se ao 10 de Junho.
«Tudo isto é paradoxal, anacrónico e faz-nos ecoar os termos de outrora. Nesse sentido, acho que o Presidente da República deve uma explicação ao país acerca da recuperação para o dia 10 de Junho das designações de raça e de dia da raça», disse à TSF.
O historiador lembrou que a expressão já caiu em desuso e está claramente conotada com o Antigo Regime.
«O dia da raça é um dia que foi posto na época do fascismo e que trabalha com a ideia absurda de que há uma raça portuguesa com características, que não sei quais são», afirmou.
Ao ser questionado esta segunda-feira em Viana do Castelo sobre a paralisação dos camionistas, Cavaco Silva escusou-se a fazer qualquer outro comentário sobre o assunto sobretudo por tratar-se do "dia da raça".
«A acompanhar sim, mas não a fazer comentários no dia de hoje», referiu no final da inauguração de uma exposição colectiva de artistas plásticos portugueses radicados no estrangeiro, um acto inserido nas comemorações do 10 de Junho.
«Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas», acrescentou Cavaco Silva.
Entretanto, o dirigente do PCP Jorge Cordeiro disse à TSF que «a concepção de dia de raça é uma afirmação pouco compatível com os valores de Abril e do regime democrático», considerando no entanto que o chefe de Estado deve tê-la dito «num equivoco ou num lamentável erro de linguagem».
Até ao momento, a TSF ainda não conseguiu obter reacções de outros partidos às declarações de Cavaco Silva, com excepção do PS que escusou-se a tecer qualquer comentário.
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HÁ EXPLICAÇÃO OU NÃO?
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Também muitos de nós enquanto cidadãos despartidarizados mas interventivos e conscientes do perigo que pode representar termos entre nós um Presidente da República de Antigamente gostaríamos de compreender aquilo que o PR pensa sobre o que disse e porque o disse.
Há explicação ou não? Claro que queremos e precisamos de uma explicação!
Contudo o PR parece não entender esta necessidade e exigência dos portugueses, querendo, aparentemente, desvalorizar tão traumática expressão por ele pronunciada.
À laia de tabu, hoje, em Espanha, sobre o assunto, respondeu - não respondendo - uma vez mais aos jornalistas que «aqui não faço comentários sobre política interna, politiquices, nem sobre “fait-divers”, como nos dá conta a TSF Online:
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CAVACO RECUSA COMENTAR "POLITIQUICES" NO ESTRANGEIRO
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O Presidente da República recusou-se a falar de politica interna no estrangeiro, quando questionado sobre a expressão “dia de raça” que usou ao referir-se ao 10 de Junho. No entanto, Cavaco Silva mostrou-se satisfeito com o final da paralisação das transportadoras.
O Presidente da República desdramatizou, este sábado, a polémica que se criou depois de se ter referido ao 10 de Junho como o “dia da raça”, uma designação conotada com o Estado Novo, recusando fazer comentários sobre política interna no estrangeiro.
«Aqui não faço comentários sobre política interna, politiquices, nem sobre “fait-divers”. Toda essa matéria fica para o nosso próprio país», respondeu aos jornalistas à margem da inauguração do Pavilhão de Portugal na Expo2008, em Saragoça, Espanha.
No entanto, na mesma ocasião, Cavaco Silva mostrou-se satisfeito com o fim da greve das transportadoras em Portugal e o regresso da «ordem pública» e da «legalidade» ao país.
«Fico satisfeito pelos portugueses puderem novamente viver o seu dia-a-dia com alguma tranquilidade», afirmou o Chefe de Estado, referindo-se ao fim da paralisação de camiões.
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FICAMOS À ESPERA
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Compreende-se que o PR não fale de política interna no estrangeiro. Até se compreende que o seu "Dia da Raça" tenha sido uma gafe reflectora da sua vivência e da sua ainda forma antiga de pensar e que jamais evoluirá, mas aquilo que não se compreende é que não se sinta com à-vontade suficiente para nos explicar o que disse e porque o disse.
Evidentemente que o mais grave de tudo isto é o Presidente da República sentir que não tem de nos dar conta sobre a utilização daquela expressão. Uma expressão fascista que já foi cientificamente desmentida e que deve ser abolida do nosso vocabulário para efeitos de definir nacionalidades e seres humanos.
O Presidente está a fazer disto tabu... mas nós, portugueses, ficamos à espera.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Nunca votei nele e duvido que venha a votar...
Mas acho que estão a fazer da história do "Dia da raça" uma fantochada...
"Não querendo intepretar o que ele disse mas já interpretando", entendi a referência, numa época em que andamos todos desanimados com a situação económica --- veremos, o mais tardar no dia 29, se não teremos também outras razões para o desânimo... ---, como sendo o "Dia dos portugueses com 'tomates'" (sorry!), do "Portugueses que são de antes quebrar que torcer", dos "Portugueses que vão à luta" e não no sentido "étnico" que lhe estão a dar.
Ele não é tão tonto e reaccionário como o pintam!...