Base de licitação: DOIS MILHÕES DE MILHÃO?
Estou a chegar à conclusão de que há timorenses que se incomodam pelo facto de estrangeiros solidários terem opiniões e comentarem a situação no país, criticando este e aquele, mas muito mais Xanana pelo que tem vindo a fazer, por estar a representar uma grande desilusão. Estranho que esses indivíduos reajam agora assim e não se lembrem de que por mais de duas décadas foi desses estrangeiros que receberam a solidariedade que ajudou e permitiu que hoje Timor-Leste já não esteja ocupado pela Indonésia. Memórias curtas.
Nunca será por isso que pela parte que me toca deixarei de opinar sobre a vida e a situação em Timor-Leste, nem de gritar bem alto que Xanana Gusmão representa uma grande desilusão pelos métodos que usa em nome da defesa dos interesses dos timorenses e de Timor. Quem usa a violência pura e dura, assim como métodos rebuscados e desleais, nunca poderá ser boa pessoa e muito menos bom líder de um país.
No caso de Timor-Leste, no exemplo de Xanana Gusmão, conclui que os métodos que utiliza para ser detentor do poder igualam-se, na devida proporção, aos de muitos ditadores e carniceiros do estilo de Mugabe ou de Nino Vieira, por exemplo, e que não recuarão se considerarem ser útil para os seus objectivos haver chacina e destruição. Indivíduos assim serão um dia condenados pela história e pelos povos, eu, como outros, só nos estamos a antecipar.
Estou convencido de que teria sido muito mais frutuoso e melhor para Timor Xanana ser aquilo que pensávamos que era: impecável, decente, honesto, democrático e amigo do povo que o elegeu seu líder. Estou convencido de que se Xanana Gusmão tivesse deixado o governo da Fretilin terminar o seu mandato e se após ter acabado o seu como PR formasse um partido para propor as suas ideias pacíficas e decentes, certamente teria atingido uma votação de vantagem clara para ser um legitimo primeiro-ministro e não um primeiro-ministro saído de “engenharias” de circunstância.
Nada foi assim, antes pelo contrário. A confusão foi e é mais que muita. Ninguém se poderá surpreender que depois de tanta jogada política suja consideremos que aquele não seja o Xanana que nós julgávamos ser: firme, honesto e leal aos princípios da paz, da justiça, da liberdade, da democracia e da transparência. Muito menos se devem surpreender por a maioria estar convencida de que Xanana tem tudo a ver com o 11 de Fevereiro e a execução de Alfredo Reinado. Sabia-se que Reinado não prestava e que estava a ser manipulado desde o princípio. Ora se foi Xanana que teve mão nele e lhe ordenou que se aquartelasse em Maubisse, quem nos convence que não era Xanana que o estava a manipular?
Alfredo Reinado disse-o com todas as letras. Todos acreditámos. Os antecedentes assim demonstravam. Consideradas declarações inconvenientes – note-se o pavor de Xanana ao ameaçar jornalistas – optaram por eliminar Reinado, calá-lo.
Não acredito que José Ramos Horta não esteja dentro do assunto, mas também não acredito que tenha sido por acaso que o tentaram eliminar, nem acredito que Xanana indirectamente nada tenha a ver com isso. Nem acredito que alguma vez saibamos a verdade. Nem acredito que Xanana tenha sofrido um atentado. Nem acredito que Horta tenha coragem para fazer frente à situação. Ele é um camaleão que se vai adaptando conforme as suas conveniências, quanto mais velho mais camaleão. Uma ou outra vez em que parece acertar… não passa de folclore. Ele vai para onde bate o vento. Hoje diz assim, amanhã já diz outra coisa, por medo ou por conveniência, nunca por convicções. Exactamente por isso lhe encontramos tanta dualidade de critérios, tanta contrariedade de declarações e intenções – a que ele chama pragmatismo. Uma ova, Zé Ramos de 70!
Perante o quadro referido, por experiência, é difícil, ou impossível, esperarmos que Timor-Leste venha a ser um país exemplar, justo e feliz, como perspectivávamos. Mesmo assim, apesar de tudo, pela parte que me toca ainda tenho umas réstias de esperança que tudo melhore, até mesmo que Xanana se aperceba da trampa que tem andado a fazer, do jogo sujo em que tem alinhado e que se emende, que volte para a decência que julgávamos haver nele.
Ah, e a Fretilin? Ele (eu) não refere o Mari? Não fala das porcarias que a Fretilin fez em 74/75?
Pessoalmente nunca estive de acordo com aquilo que aconteceu em 74/75, mas sei que tudo que aconteceu não foi só responsabilidade da Fretilin mas sim de todos os intervenientes, incluindo Maggiolo Gouveia, que parecia querer ficar “rei” na “terra de cegos”, como ele dizia. Para mim esse foi um traidor do meu país e do meu exército, que erradamente foi sepultado como herói. Há muitos assim, em Portugal e por todo o mundo. Em 2006, se a Fretilin estava a governar mal e estava a ser contestada, nas eleições seria derrubada. Era assim que deveria ter sido. Chacinas e destruições nada têm a ver com democracia, paz, justiça e bem-estar do povo.
Foi ontem, no chat do TLN. Em “conversa” sempre inacabada e limitada por 150 palavras de cada vez, entre mim e o Alfredo br, conhecido dos comentários idos do TLN, que eu ironizava e dizia sobre venderem Timor-Leste por um milhão de milhões de euros e que dessem um milhão a cada timorense para se governarem (e bem). Claro que Timor-Leste vale muito mais do que um milhão de milhões de euros se considerarmos o que vão extrair no Mar de Timor e depois onshore, para não falar do resto. Valerá até três milhões para cada timorense, mais, muito mais.
Claro que isto é estapafúrdio mas no campo da ficção, juntando-lhe alguma realidade, podemos concluir que se acabavam as guerras internas. Cada um pegava no seu milhão, ou milhões, e ia à vida. Acabavam-se os timorenses e Timor mas também a fome, os sofrimentos, a sede de poder, o chiqueiro político…
Era exactamente isso que julgávamos que iria acontecer em Timor. Muitos julgaram que os timorenses iam deixar-se de embarcar em divisões partidárias e étnicas mas eis que surgem uns espertos que semeiam exactamente esses componentes, principalmente com Xanana a representá-los em 2006 nos seus discursos inflamados, ladeado da sua esposa e da cambada que cavou a insustentabilidade de Timor para mundo ver, para timorense sofrer e morrer, para melhor explorarem o que aos timorenses pertence.
Esta prosa está estravagante e enorme. Até pareço os escribas do Xanana a escrever. O melhor é terminar e preparar-me para as críticas dos que não concordam nadinha comigo e onde eu tenho a preocupação de procurar aprender alguma coisa. Isso por vezes acontece. Espero que desta também. Como gosto de títulos bombásticos e que abanem os “capacetes” não se admirem do título desta prosa. Talvez seja um título sugestivo para Zé Ramos, pela pose da foto em cima acho que ele vai pensar nisso… e que Deus nos perdoe.
Estou a chegar à conclusão de que há timorenses que se incomodam pelo facto de estrangeiros solidários terem opiniões e comentarem a situação no país, criticando este e aquele, mas muito mais Xanana pelo que tem vindo a fazer, por estar a representar uma grande desilusão. Estranho que esses indivíduos reajam agora assim e não se lembrem de que por mais de duas décadas foi desses estrangeiros que receberam a solidariedade que ajudou e permitiu que hoje Timor-Leste já não esteja ocupado pela Indonésia. Memórias curtas.
Nunca será por isso que pela parte que me toca deixarei de opinar sobre a vida e a situação em Timor-Leste, nem de gritar bem alto que Xanana Gusmão representa uma grande desilusão pelos métodos que usa em nome da defesa dos interesses dos timorenses e de Timor. Quem usa a violência pura e dura, assim como métodos rebuscados e desleais, nunca poderá ser boa pessoa e muito menos bom líder de um país.
No caso de Timor-Leste, no exemplo de Xanana Gusmão, conclui que os métodos que utiliza para ser detentor do poder igualam-se, na devida proporção, aos de muitos ditadores e carniceiros do estilo de Mugabe ou de Nino Vieira, por exemplo, e que não recuarão se considerarem ser útil para os seus objectivos haver chacina e destruição. Indivíduos assim serão um dia condenados pela história e pelos povos, eu, como outros, só nos estamos a antecipar.
Estou convencido de que teria sido muito mais frutuoso e melhor para Timor Xanana ser aquilo que pensávamos que era: impecável, decente, honesto, democrático e amigo do povo que o elegeu seu líder. Estou convencido de que se Xanana Gusmão tivesse deixado o governo da Fretilin terminar o seu mandato e se após ter acabado o seu como PR formasse um partido para propor as suas ideias pacíficas e decentes, certamente teria atingido uma votação de vantagem clara para ser um legitimo primeiro-ministro e não um primeiro-ministro saído de “engenharias” de circunstância.
Nada foi assim, antes pelo contrário. A confusão foi e é mais que muita. Ninguém se poderá surpreender que depois de tanta jogada política suja consideremos que aquele não seja o Xanana que nós julgávamos ser: firme, honesto e leal aos princípios da paz, da justiça, da liberdade, da democracia e da transparência. Muito menos se devem surpreender por a maioria estar convencida de que Xanana tem tudo a ver com o 11 de Fevereiro e a execução de Alfredo Reinado. Sabia-se que Reinado não prestava e que estava a ser manipulado desde o princípio. Ora se foi Xanana que teve mão nele e lhe ordenou que se aquartelasse em Maubisse, quem nos convence que não era Xanana que o estava a manipular?
Alfredo Reinado disse-o com todas as letras. Todos acreditámos. Os antecedentes assim demonstravam. Consideradas declarações inconvenientes – note-se o pavor de Xanana ao ameaçar jornalistas – optaram por eliminar Reinado, calá-lo.
Não acredito que José Ramos Horta não esteja dentro do assunto, mas também não acredito que tenha sido por acaso que o tentaram eliminar, nem acredito que Xanana indirectamente nada tenha a ver com isso. Nem acredito que alguma vez saibamos a verdade. Nem acredito que Xanana tenha sofrido um atentado. Nem acredito que Horta tenha coragem para fazer frente à situação. Ele é um camaleão que se vai adaptando conforme as suas conveniências, quanto mais velho mais camaleão. Uma ou outra vez em que parece acertar… não passa de folclore. Ele vai para onde bate o vento. Hoje diz assim, amanhã já diz outra coisa, por medo ou por conveniência, nunca por convicções. Exactamente por isso lhe encontramos tanta dualidade de critérios, tanta contrariedade de declarações e intenções – a que ele chama pragmatismo. Uma ova, Zé Ramos de 70!
Perante o quadro referido, por experiência, é difícil, ou impossível, esperarmos que Timor-Leste venha a ser um país exemplar, justo e feliz, como perspectivávamos. Mesmo assim, apesar de tudo, pela parte que me toca ainda tenho umas réstias de esperança que tudo melhore, até mesmo que Xanana se aperceba da trampa que tem andado a fazer, do jogo sujo em que tem alinhado e que se emende, que volte para a decência que julgávamos haver nele.
Ah, e a Fretilin? Ele (eu) não refere o Mari? Não fala das porcarias que a Fretilin fez em 74/75?
Pessoalmente nunca estive de acordo com aquilo que aconteceu em 74/75, mas sei que tudo que aconteceu não foi só responsabilidade da Fretilin mas sim de todos os intervenientes, incluindo Maggiolo Gouveia, que parecia querer ficar “rei” na “terra de cegos”, como ele dizia. Para mim esse foi um traidor do meu país e do meu exército, que erradamente foi sepultado como herói. Há muitos assim, em Portugal e por todo o mundo. Em 2006, se a Fretilin estava a governar mal e estava a ser contestada, nas eleições seria derrubada. Era assim que deveria ter sido. Chacinas e destruições nada têm a ver com democracia, paz, justiça e bem-estar do povo.
Foi ontem, no chat do TLN. Em “conversa” sempre inacabada e limitada por 150 palavras de cada vez, entre mim e o Alfredo br, conhecido dos comentários idos do TLN, que eu ironizava e dizia sobre venderem Timor-Leste por um milhão de milhões de euros e que dessem um milhão a cada timorense para se governarem (e bem). Claro que Timor-Leste vale muito mais do que um milhão de milhões de euros se considerarmos o que vão extrair no Mar de Timor e depois onshore, para não falar do resto. Valerá até três milhões para cada timorense, mais, muito mais.
Claro que isto é estapafúrdio mas no campo da ficção, juntando-lhe alguma realidade, podemos concluir que se acabavam as guerras internas. Cada um pegava no seu milhão, ou milhões, e ia à vida. Acabavam-se os timorenses e Timor mas também a fome, os sofrimentos, a sede de poder, o chiqueiro político…
Era exactamente isso que julgávamos que iria acontecer em Timor. Muitos julgaram que os timorenses iam deixar-se de embarcar em divisões partidárias e étnicas mas eis que surgem uns espertos que semeiam exactamente esses componentes, principalmente com Xanana a representá-los em 2006 nos seus discursos inflamados, ladeado da sua esposa e da cambada que cavou a insustentabilidade de Timor para mundo ver, para timorense sofrer e morrer, para melhor explorarem o que aos timorenses pertence.
Esta prosa está estravagante e enorme. Até pareço os escribas do Xanana a escrever. O melhor é terminar e preparar-me para as críticas dos que não concordam nadinha comigo e onde eu tenho a preocupação de procurar aprender alguma coisa. Isso por vezes acontece. Espero que desta também. Como gosto de títulos bombásticos e que abanem os “capacetes” não se admirem do título desta prosa. Talvez seja um título sugestivo para Zé Ramos, pela pose da foto em cima acho que ele vai pensar nisso… e que Deus nos perdoe.
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2 comentários:
Finalmente acho que estou a compreender o Veríssimo e a sua frustração. Sim senhor. Tem razão. Timor visto nessa prespetiva está a ser vitima do Xanana e ele foi e possivelmente está a ser prejudicial a Timor. O que fazer agora? Esperar por novas eleições e mudarmos? E se não mudar?
A da venda é irónica mas representa que há muitos a roubar e nós vamos ficar sem nadinha e com um país escavacado daqui por umas dezenas de anos.
Boa Verissimo. Gostei. Obrigado
O António Veríssimo publica verdades nuas e cruas.
Nunca falei com ele e até o prazer de bebermos, juntos, um copo em Banguecoque. Sempre estive enganado quanto ao interesse havido há já uns largos anos que a "rapaziada" que lutava pela autodeterminação de Timor-Leste, seria além de libertar o povo da "canga" da Indonésia, oferecer trabalho, pão e paz aos timorenses, acabou por não lhe oferecer sossego nenhum nem o encher-lhe a barriga.
Fiquei frustado com essa "rapaziada" que até frustaram muita boa gente por este mundo adiante, em que receberam "boroas" de muitas organizações, para a defesa dos direitos humanos.
Foram medalhados com o mais alto atributo que oferecem a homens/mulheres que lutam pelos direitos dos humildes e sem defesa.
Foi conseguida a libertação do Povo timorenses e o generoso povo português carregou aos ombros, pelas ruas de Portugal herois de nada.
Um dos carregados até, depois, teve que abandonar Timor, porque foi difamado que gostava de brincar com miúdos.
Outro, analfabeto, que tinha corrido as matas e indo pilhando umas galinhas e atemorizando os timorenses.
Outro ainda este não andou nada a ser carregado às costas pelos portugueses e bastava-lhe uns pastelinhos de Belém; uns copos de bom tinto e (algumas vezes), ums miminhos (um Nobel é um Nobel não um piolhoso qualquer)e criticar o Governo Português.
Vários Governos de Portugal lá o foram recebendo, enfastiadamente e quando viu que mais vale ser desejado que aborrecido, foi à procura do jornal Expresso (recebido friamente pelo Dr. Pinto Balsemão) e foi entrevistado e gravadas as imagens na redacção em video e falou no jornalista Benjamim Formigo (almocei e jantei com o Benjamim há 20 anos em Banguecoque) e ficou por ali.
Bem fico por aqui.
Mas direi que a "rapaziada" libertadora de Timor-Leste, marimbou-se sempre para os pobres do território e riqueza que conseguiram, nos púlpitos da pregação da liberdade, não foram mais que uma montoreira de estrume...
E por último: os pobres quando voltam ricos "cagaram-se" para os pobres que foram da sua comunidade.
O pobre quando volta a rico tornou-se um avaro e um egoista e olha, apenas para o seu umbigo e, ignora os umbigos, sumidos nas barrigas dos pobres.
José Martins
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