sábado, 1 de novembro de 2008

AI PORTUGAL, PORTUGAL, QUANDO APRENDES?

.

É SÓ SACAR VILANAGEM!

A notícia está publicada mais em baixo e fala sobre o mal-estar nos quartéis, que o mesmo é dizer: há mal-estar numa das classes privilegiadas da Nação Portuguesa, os militares. Cortaram-lhes algumas regalias e está a ser um ver-se-te-avias de contestações, a procurar acagaçar o teso erário público, como quem diz: os senhores das armas estão a ficar zangados e ainda podem fazer algum disparate. Chantagistas.

É terrível apercebermo-nos que num país paupérrimo existem os que gastam à toa, recebem à toa e que assim que lhes tocam um pouco nas verbas com que alimentam a fleuma de grandes vidas e maiores contas bancárias desatam a ganir e a ameaçar. Chulos.

Dizem que não têm isto e não têm aqueloutro. Mentira. Aquilo que estão a deixar de ter são as mordomisses que têm tido durante imensas décadas, talvez séculos. Os militares de carreira têm de alinhar pelo nível de vida de todos os portugueses e se nós estamos na miséria considero nojento que exista quem proteste por ainda querer conservar mordomias incomportáveis. Adaptem-se à realidade do país, sejam homenzinhos.

A exemplo dos militares, temos os seus co-familiares das polícias que passam também a vida a contestar alguns cortes nas mordomias a que têm tido direito à custa do erário de todos nós. Querem subsídios de risco, disto e daquilo… Pergunto: quantos polícias morrem ou têm acidentes de trabalho graves durante um ano? Quantos operários da construção civil morrem ou têm acidentes de trabalho graves durante um ano? E os outros trabalhadores, de fábricas, etc? Esses recebem subsídios de risco? O que será mais arriscado, ser polícia ou operário da construção civil? Se uns não recebem subsídio de risco porque têm os outros, as polícias, de receber? Maricas! Não lhes basta as mordomias que recebem por fora? Pelo menos alguns certamente as recebem, já que as polícias são um mundo aparte, tal qual os militares, certos militares.

Certo é que os exemplos deviam vir de cima. Os bons exemplos. Dos governantes, dos deputados, dos políticos… Mas qual quê. Esses é só sacar, antes que seja tarde. Vai daí, os que lhes guardam as costas, as casas e tudo que surripiam - até com legalidades por eles inventadas – revoltam-se e à margem dos cidadãos comuns, que os sustentam, desatam a dizer que também querem “algum”. É assim que, por isso, temos de trabalhar mais e a receber menos. Pagar mais impostos para benefício desta corja de chulos.

Já agora deixem-me meter neste saco uns quantos do aparelho da justiça. Também por lá existem “boas prendas”. Temos uma justiça injusta, complicada e despesista que sustentamos sem ver disso benefícios, antes pelo contrário. Ai Portugal, Portugal, quando é que aprendes?
É só sacar, vilanagem!

MAL-ESTAR GERAL NOS QUARTÉIS

CARLOS VARELA – Jornal de Notícias

Nos quartéis o ambiente está quente, com cortes na saúde, nas carreiras e ainda o espartilho do orçamento. A resposta dos militares limita-se para já a reuniões e debates, mas já se fala em acções de rua. E há generais a criticar o CEMGFA.

O mal-estar vivido nos quartéis e que veio a público na sequência das declarações do general Loureiro dos Santos teve ontem reflexo no jantar-debate de oficiais que decorreu em Lisboa. O encontro foi organizado pela Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e o presidente daquela estrutura, coronel de artilharia Alpedrinha Pires, não limitou as preocupações a uma questão de classe e de direitos profissionais: "A vida nas unidades é desastrosa e dramática", estendendo, assim, o mal-estar à falta de verba até para o funcionamento regular das unidades.

Alpedrinha Pires conhece o anunciado reforço do orçamento por parte do Ministério da Defesa (MDN), mas diz que não chega, uma vez que "há unidades onde falta verba para a luz, para a água e para a gestão corrente. As coisas só estão bem em algumas forças ou naquelas que vão ser destacadas para o exterior". E quanto a um maior investimento no reequipamento, "vamos a ver, porque o mais habitual é o desvio de verbas da Lei de Programação Militar".
.
O mote foi dado pelo general Loureiro dos Santos quando na quarta-feira, no lançamento do seu livro "Como Evitar Golpes de Estado", criticou a passividade do Governo perante a falta de soluções para os principais problemas dos militares do Quadro Permanente das Forças Armadas, as questões da remuneração, da saúde e das pensões. No jantar, no entanto, adiantou acreditar que o MDN tenha vontade política para resolver os problemas, se bem que tenha reafirmado o receio relativamente a atitudes individuais mais preocupantes.

Ontem, o chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), citado pela agência Lusa, veio reconhecer que "há, como certamente em todas as diferentes instâncias do país, problemas e dificuldades e coisas que têm que ser resolvidas", lembrando que vêm de "há dez anos". Mas Valença Pinto também lembrou que é um processo que tem que ser "vivido com absoluta compreensão do quadro geral de dificuldades do país".

As explicações de Valença Pinto não foram bem aceites no jantar de oficiais, mesmo entre os generais. O general Eduardo Silvestre, antigo inspector-geral da Força Aérea, foi categórico: "Se há problemas que se arrastam há 10 anos e se é o próprio CEMGFA que o diz e o reconhece, então o CEMGFA é incapaz de resolver a crise". Também o tenente-coronel Vasco Lourenço mostrava preocupação: "os militares não cortam estradas, mas o Governo não pode continuar a ignorar-nos. Pode haver pessoas que queiram fazer coisas feias".

Entre os sargentos, o ambiente também não é o melhor. "Há problemas de toda a ordem. Têm-nos chegado alguns casos em que chega a não haver verba nem para comprar papel higiénico. São casos pontuais, mas existem", apontou Lima Coelho, presidente da ANS. E quanto aos cortes na saúde e nas carreiras Lima Coelho adiantou que a ANS vai começar a realizar reuniões por todo o país: "A primeira é Viseu, na próxima semana, depois em Braga". E a opção de mais acções de rua é uma das soluções, "claro que vamos estudar essa opção, vamos reunir e decidir o que fazer".
.

Sem comentários: