terça-feira, 27 de janeiro de 2009

VIAGEM DO MONTE DA FRANCISCA AOS MONTES DE TRAMPA DA CAPITAL

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O ESTADO TERRORISTA E MAL CHEIROSO

Lá no Monte da Francisca houve inundação, é um monte baixo que ainda estou para saber porque lhe chamam monte. Até as águas fizeram um córrego que veio dar à confluência (eles chamam-lhe encruzilhada) do caminho dos outros dois Montes vizinhos, o Monte do Meio Termo e o Monte dos Excessos. Aquilo é que era água a correr. Cá com uma força!

Para não molhar os pénitos andei sempre montado na Francisquinha, com o bebedolas do Francisco sempre atrás de nós a mirar. Se não sabem quem é já deviam saber. É a tal parelha ou o tal casal de burricos que tenho lá no Monte da Francisca, no Alentejo da minha alma, pois está bom de se perceber.

Fui chamado às pressas por causa dos estragos que a inundação poderia causar no Monte. Ora, até veio por bem, aquilo precisava de ser lavado, a represa ficará a transbordar, as terras vão produzir meloal do melhor, do muito sumarento e docinho, os tomates vão ficar cheios e o trigo também vai gostar. Terra inundada colheita abençoada, já dizia meu avô.

Chegado a Lisboa lá me veio o cheiro a trampa, merdelim. Para já porque se vê quase tudo da Ponte 25 de Abril. O pivete vinha de Belém, até parecia que cheirava a mortos. Também vinha de S. Bento, esse era mesmo um cheirete insuportável. E do Largo do Rato então nem se fala. Puxa, mas que cheiro insuportável, a podridão. Lisboa está uma lástima. Falta saber se é só Lisboa. Cá para mim o cheirete também é capaz de vir dos lados de Alcochete, do Free Port. Não sei, mas é certo que não arrisquei a atravessar o Tejo pela outra ponte, a Vasco da Gama. Gama, nome apropriado, andam quase todos no gamanço. Mas que cheirete. Cheira a porcos engravatados!

O NOSSO MAIRINHO

Cheguei à net e actualizei-me, julgo eu. Prendi-me, sem ficar arrepeso, naquilo que o sítio da TSF – Rádio Jornal - tinha logo à cabeçorra: “Marinho Pinto diz que há «terrorismo de Estado» em Portugal”.

Oh Mairinho, mas isso ando eu a dizer há imenso tempo. Ando a dizer porque é aquilo que oiço, pelas ruas, pelos cafés, restaurantes, mercados, transportes públicos… e até à dona Mariquitas, uma velhota de quase cem anos que passa a vida à janela do rés-do-chão do prédio onde moro, nesta capital fedorenta.

Diz ela que devíamos voltar à monarquia porque a instituição Presidência da República está defunta. “A República finou-se. O Cavaco é um cadáver político que só veio causar mais inércia à Nação”. A velhota é tendenciosa, eu acho. É monárquica, eu acho.

Mas voltando à vaca fria, quer dizer, ao nosso Mairinho – falta adiantar que ele é o Bastonário da Ordem dos Advogados – disse ele no fim da noite de ontem que os polícias “vão aos escritórios de advogados”, sem que haja qualquer suspeita sobre eles, «unicamente para recolher elementos que possam interessar a algumas investigações», o que constitui uma «prática própria de estados terroristas». E disse ainda, entre imensas e interessantes coisas, que nesses casos os polícias devem levar «a identificação daquilo que se pretende», para evitar que vasculhem os computadores dos escritórios e retirem «tudo o que lhes convém», comparando esta prática com o que fazia a PIDE/DGS.

Ora, ora. O Mairinho é relativamente novo e nem sabe aquilo de que a Pide era capaz nos tempos duros! É verdade que a PIDE fazia isso mas no tempo não existiam computadores nem a sofisticação que existe agora, com estas novas tecnologias. Também é verdade que a PIDE era uma “brincadeira” em comparação com aquilo que agora é feito. Não há a Pide “arcaica” mas temos os SIS e os SIRs, e os que nem sonhamos, que é muito pior e que estão a ganhar uma força incontrolável e impune, estão a ser um estado dentro do Estado, a minha internet sabe disso e os programas de segurança também.

O Mairinho tem de se capacitar que os mais antigos sabem umas coisitas e que apesar de ele ter toda a razão e mais alguma de muito pouco vai adiantar ele estar de volta e meia a recorrer à cidadania e pôr a “boca no trombone”. Temos de fazer isto à antiga, porra!

Antigamente escrevíamos as coisitas e mandávamos para local seguro e de confiança o essencial, muitas vezes para o “estrangeiro”, para que a PIDE não nos apanhasse. O que não era essencial destruíamos, incinerávamos ou engolíamos, que era para não dar oportunidade de nos tramarem… Agora temos de voltar ao mesmo. Pois então.

Cá por mim todas as noites eu incinero o meu computador. Uso uns “pecês” descartáveis, baratuxos, e lá vai fogo. Vai fogo porque não dá para engolir o portátil, apesar de serem pequenos, dos mais maneirinhos. Experimentei mas nem com vaselina se consegue. Talvez a Garganta Funda consiga, mas mesmo assim, olhem que não garanto.

TERRORISMO DE ESTADO, VAI FORA À BENGALADA!

Fala o Bastonário de umas qauntas mas não de tudo, são tantas. Podia lá ser. Pois para quem anda neste mundo e faz por estar atento fica sabendo coisas do “arco-da-velha”. Então não se vê que as polícias andam à força toda a abusar? Não se vê que o fazem impunemente? Não se sabe que a ralé está sempre a sofrer abusos que nada têm que ver com um Estado de Direito? Não se sabe que até as polícias mais vulgares têm no seu seio abusadores e mentirosos que redigem as ocorrências com as suas verdades em detrimento da verdade-verdadinha. Esses são os do dia-a-dia e… nada. Já nem vale a pena queixarmo-nos. Eles são os donos desta quintarola no que respeita à ralé. Quais cidadãos quais o quê!

E os tribunais, a justiça, os juízes? Ora, ora. Esta trampa está a voltar para trás. O senhor Bastonário Mairinho tem de se convencer que os portugueses vão nas loas todas destas corporações secretas que nos dominam. Chegam às eleições e há sempre uns milharitos que vão de “festa” atrás dos mainatos-mandatários das corporações secretas. Tão secretas que nem sabemos exactamente onde estão, quem são, nada…

Tenha cuidado senhor Mairinho. Como isto está, nada é para admirar, e a vida é algo que não se pode gastar totalmente em prol do bem colectivo. Um pauzinho na engrenagem abre cabeças e mais tarde ou cedo os tipos estouram. Olhe lá o 25 de Abril. Até se borraram todos. Vai voltar outro, só que não vai ser tão manso. Oxalá que eu seja ainda vivo para dar uso à minha colecção de bengalas, que ainda não uso mas que as tenho por precaução e por muita estima aos meus antepassados que as usaram e já se finaram. Bengalas antigas, bem rijas, das que partem um lombo de porco engravatado num ápice. Se quiser empresto-lhe uma, para se defender deste Terrorismo de Estado, se preciso for, senhor Mairinho.

Já está maior que o Guadiana, este meu prosar, desde o Monte da Francisca aos Montes de Merda da capital. Vou terminar para não cansarem mais as moleirinhas nem as têmporas. Arregalem bem os olhos e comecem a dizer não a este estado de coisas. Mandem-nos bugiar no voto. Cá por mim não voto em corporações criminosas, nem a Constituição o permite. Tenham cuidado e não alimentem mais estes tubarões. Vão ver que definham. É um bom modo de derrubar este Terrorismo de Estado, que até dá ideia que foi o que sobrou do 24 de Abril , sofisticando-se. Muito secreto e muito perigoso.

Já agora fiquem também com o que Mairinho disse à TSF que é para não pensarem que estou a ensandecer por via das humidades que apanhei lá no Monte ou por ter andado a montar a Francisquinha.

MARINHO PINTO DIZ QUE HÁ “TERRORISMO DE ESTADO” EM PORTUGAL

TSF

O bastonário da Ordem dos Advogados considerou, esta segunda-feira, que buscas com mandados em branco constituem um acto de «terrorismo». Em declarações à TSF, Marinho Pinto acusou ainda o Ministério Público e as polícias de alimentarem um clima de promiscuidade com a Comunicação Social

O bastonário da Ordem dos Advogados considerou, esta segunda-feira, véspera da abertura do Ano Judicial, inaceitáveis buscas a escritórios de advogados, como a que aconteceu há duas semanas no escritório de Vasco Vieira de Almeida, a propósito do “caso Freeport".

Os polícias «vão aos escritórios de advogados», sem que haja qualquer suspeita sobre eles, «unicamente para recolher elementos que possam interessar a algumas investigações», o que constitui uma «prática própria de estados terroristas», disse.

Marinho Pinto explicou que nesses casos os polícias devemlevar «a identificação daquilo que se pretende», para evitar que vasculhem os computadores dos escritórios e retirem «tudo o que lhes convém», comparando esta prática com o que fazia a PIDE/DGS.

Questionado pela TSF sobre se pretende pedir uma audiência junto do Procurador-Geral da República para manifestar a sua indignação relativamente a essas buscas, Marinho Pinto disse que não, porque isso não «conduz a nada».

«Com isto pretendo alertar para a necessidade de se salvaguardar os princípios basilares do Estado de direito», justificou.

Marinho Pinto acusou ainda o Ministério Público e as polícias de alimentarem um clima de promiscuidade com a Comunicação Social.

«Quem compete defender os segredos que os defenda. Não é utilizar os jornalistas de forma cirúrgica e selectiva» para «pretender criar artificialmente alarme social muito propício à aplicação de severas medidas de coação», disse, acusando o Ministério Público e a polícia de manterem permanentemente «um clima de suspeição sobre as pessoas» e darem «uma ideia de eficácia que na verdade não têm».

Marinho Pinto sublinhou que há «uma promiscuidade entre os maus investigadores e o mau jornalismo em Portugal», sem existir qualquer preocupação de que «a manutenção deste estado de coisas crie um nevoeiro de suspeita terrível sobre a dignidade e inocência das pessoas».

O bastonário da Ordem dos Advogados proferiu estas declarações em entrevista ao programa Tudo na Ordem, que pode ser ouvido na íntegra às 20:15 desta terça-feira na Emissão da TSF ou, posteriormente, na página do programa, aqui, no site da TSF.
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DEPOIS DE ESCRITO

Ao mesmo tempo em que escrevia esteve a decorrer um Forum da TSF sobre a Justiça em Portugal…

Tive de recorrer a reticências no parágrafo anterior. Nem sei como dizer…

Sei que se fizesse parte dessa mesma Justiça enfiava-me num buraco, cheio de vergonha pelo que os cidadãos comuns dizem e como o dizem. Sei que os Tribunais, os Juízes, o Ministério Público e toda a parafernália desse aparelho foi achacado pelo sentir da realidade que os cidadãos que se pronunciaram e participaram no Fórum manifestaram, e como o disseram!

Foi tudo a eito e os legisladores também. Muitos, são cidadãos com casos que citaram e exemplificaram e que só não falaram mais abaixo de cão certamente por respeito aos cães. Que vergonha!

Este foi o país que desaguou no caneiro para onde os políticos de agora e de há muitos anos a esta parte o conduziram, bom seria fugirmos, emigrarmos e deixá-los cá a morrer à míngua. Que trastes, que nos destruíram os sonhos forjados na luta contra os putrefactos omnipotentes de antes e que em Abril julgámos ter derrubado, pela construção de um país justo e verdadeiramente democrático. Arredem, sabujos de um povo de mil raças e mil dores!
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