Podemos ler e ouvir na TSF que “Portugal é dos países europeus com pior qualidade de emprego”. Para isso são avançadas explicações: “A explicação para Portugal ser dos países europeus com pior qualidade de emprego pode estar na ausência de diálogo entre os trabalhadores e as respectivas chefias, assim como, na má organização das empresas”.
Lá voltamos nós sempre à mesma vaca fria. Portugal é praticamente o pior em tudo nos índices europeus. Pior nas condições que oferece aos seus cidadãos, à maioria dos seus cidadãos, aos que em conjunto mais contribuem em impostos, os que trabalham. Isso deve-se ao facto de existirem elites que não olham a meios para atingirem as suas metas egoístas e até usarem práticas de autênticos Al Capones. Os empresários olham para os de cima, os governantes, os políticos, os para-políticos, e seguem-lhes o exemplo. O mau exemplo. Atropelar tudo e todos é a prática. Estamos tramados!
Começando pelo topo ouvimos Cavaco Silva falar sobre os altos ordenados dos gestores nacionais… Contudo não se sabe que Cavaco dê o exemplo e deixe de receber aquilo que recebe por reformas avultadas e mordomias que a todos nós saiu e sai do bolso e das entranhas. Vamos aos do Governo e a situação é a mesma. Vamos à Assembleia da República e é um fartote, vamos às empresas estatais e estatizadas, ou semi-estatizadas e é igualmente um ver-se-te-avias, olhamos para o Banco de Portugal e lá estão uns nababos a fazerem-nos sangrar. Se isto não é uma súcia de malfeitores o que é? Se isto não representa um magote muito bem seleccionado de parasitas, de desavergonhados, que guardam, para si e para as suas classes, avultadas quantias em ordenados, em despesas, em reformas acumuladas, em mordomias, o que representa?
Parece que os portugueses já consideram inútil combater esta ausência de vergonha e de acelerado estado de descaramento dos nossos políticos, gestores e famílias agregadas. É o deixa andar submisso, do “deixa lá ver se me safo em alguma coisita”.
Para os detentores dos poderes já é tão normal sustentarem-se do Estado e darem oportunidades das mil e uma noites a amigos e comparsas de negociatas e de outros interesses político-partidários, que já nem se apercebem de que o correcto não é assim como é sua prática…
As esperanças são nulas. Após o 25 de Abril, instalaram-se nos Poderes autênticas seitas que estão a passar o testemunho à tal geração rasca de que Pulido Valente falou há dezenas de anos. Por isso vamos de mal a pior. Não temos nos Poderes as gerações que tiveram de tragar o pão que o diabo amassou. Os que por lá restam desse tempo, caquécticos, são os que logo no primeiro minuto começaram a trair os ideais de Abril, e que afinal, até no governo fascista de Salazar se safaram muito bem na vida. Estou a lembrar-me de Almeida Santos, mas há mais uns quantos.
Múmias do passado, bem passado por eles, que fazem recordar o nosso mal passado, que nem se envergonham, ao fim de tantos anos de viverem debaixo da teta do Poder, de vivermos nesta ausência de democracia e de justiças… E assim continuam. Que passem bem, para que todos nós, a maioria, cada vez passemos pior.
Como um militar de Abril disse há cerca de um mês, ele, agora General, que na rua do Arsenal, em 25 de Abril de 1974, foi agredido por um oficial salazarista e fascista… “Já não se pode fazer um segundo 25 de Abril…”.
Pois não, Homem, estamos tramados! Até estamos a assistir ao descrédito dos honestos por via dos políticos, para-políticos e empresários vigaristas que se apossaram do país!
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