domingo, 7 de junho de 2009

DEIXEM A KIRSTY FALAR, CONFERENCIAR E APRENDER, GAITA!

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Constata-se alguma polémica relacionada com uma visita que Kirsty Sword fará a Portugal ainda este mês. Como se sabe ela é casada com Xanana Gusmão, ex-presidente da República e actual primeiro-ministro, de fato ou de cuecas – se as usar – porque pouco importa o que veste e como veste mas sim o que faz ao país, no país, pelo país.

Não será propriamente a visita de Kirsty a Portugal que deu origem à polémica mas sim a sua participação numa conferência sobre “O PAPEL DAS MULHERES NA RESISTÊNCIA E NA RECONSTRUÇÃO DE TIMOR-LESTE”. A conferência realiza-se em Portugal por iniciativa do Grupo Parlamentar das Mulheres Socialistas, de Ana Gomes, amiga de Kirsty Sword, e vai acontecer em 26 deste mês no Auditório do Edifício Novo da Assembleia da República. O tal edifício que custou uma pipa de massa, que era perfeitamente dispensável, que vem provar uma outra vez que as dificuldades são só para os governados porque os governantes governam-se bem com o que deveria ser de todos os portugueses. Assim é neste país e em Timor-Leste também. Em todo o mundo… mais país, menos país. Paguemos e não bufemos porque os parasitas precisam de ser bem tratados e ter instalações de acordo com a sua estatura imoral. Fim do aparte.

No TLN têm aparecido comentários para todos os gostos e também Ana Loro Metan e Gonçalo Tilman Gusmão dedicaram algumas letras sobre o evento. Não consigo estar de acordo com nenhum na totalidade do que argumentam mas parcialmente concordo com algumas das opiniões. (Para saberem o que dizem nos seus textos cliquem nas respectivas hiperligações ou procurem mais em baixo)

Precisamos de entender que a liberdade de expressão é, não só no nosso país, um bem adquirido de que não devemos abdicar. Liberdade de expressão para todos, obviamente. É por isso que não faz sentido, quanto a mim, considerarem abusivo a australiana Kirsty vir conferenciar com as amigas de um dos partidos alegados das práticas de corrupção, ou algo semelhante - na pessoa do seu chefe maior, Sócrates.

Também o PM timorense Xanana Gusmão anda enleado no mesmo drama. Até têm coisas em comum e isso deve solidificar amizades. Se eles ou elementos dos seus governos estiverem inocentes ainda mais em comum terão de proximidades e comunhões: o trato e desconsiderações injustas. Pobrezitos, até nutro dó por eles.

Se bem percebi, não é reconhecido a Kirsty o direito de falar em nome das mulheres da Resistência timorense. Mas porquê? Será que se esquecem de que ela foi uma resistente no tempo, ao fazer sistemáticas visitas a Xanana Gusmão na prisão de Cipinang? Pouco importa se ela era espia australiana ou não, o que importa é que a senhora resistiu ao longo de anos à espera que Gusmão saísse e cumprisse o seu compromisso em Timor-Leste livre e independente, para alguns. Olhem que não é brincadeira nenhuma esperar por um noivo durante décadas. Muitos que eu conheci levaram com uns chavelhos enormes ao fim de uns meses de terem embarcado para o então ultramar. Há ainda os que nem precisam de embarcar… Vão embarcando! Claro que a senhora é uma resistente. Têm de compreender que o amor até serra grades de prisões. É algo muito forte!

Por isso, não considero inapropriado que seja ela a “embaixadora” das mulheres timorenses da Resistência, cada uma com a sua experiência. Claro que dou de barato que a experiência de Kirty foi e é bem melhor que a das mulheres timorenses da Resistência; muitas sofreram torturas, morreram assassinadas, morreram por dentro com as desilusões dos actuais tempos… e ela foi fazendo umas visitinhas e uns recaditos provavelmente aprovados pelo governo australiano – que tinha um pé nos ocupantes indonésios e outro na Resistência, com os bolsos bem abertos nos poços de petróleo explorados ilegalmente, assim considerado pela ONU e pela comunidade internacional. A vida é assim, ao vigarista e ao borracho põe deus a mão por baixo. Não é?

Pois que venha a dona Kirsty, ex-dama de topo, agora dama de tudo, conferenciar com as mulheres autoproclamadas socialistas. Que fale da Resistência valorosa das mulheres de Timor e também da Recuperação do país Timor. Que exerça a sua liberdade de expressão sem que com isso venha a sofrer represálias futuras de energúmenos como uns quantos da AMP que saneiam e coarctam as possibilidades a algumas mulheres da Resistência de exercerem as suas válidas capacidades e assim garantirem a sua subsistência só porque são da oposição.

Já agora, incluído na conferência, a dona Kirsty podia abranger estas particularidades antidemocráticas de gente das suas proximidades e lamentar-se de que Timor está a desperdiçar valores humanos, intelectuais e de competências profissionais só porque não têm a mesma cor partidária ou, ainda, porque se opõem ao Estado Corrupto chefiado pelo seu querido prisioneiro voluntário, que acordou a sua entrega com as chefias indonésias, conforme propalam os mais desbocados. Eu cá não acredito, mas um dia ainda hei-de perguntar de caras a Abílio Araújo.

Bem vinda a Portugal do Magalhães e à Conferência, Kirsty Soward!

Apesar de em Portugal o exercício da democracia ser cada vez mais deficitário, valha-nos que a liberdade de expressão e de opinião ainda está a ser razoavelmente respeitada, o que poderá ser uma lição a levar para Timor-Leste. Nada tema, nem pense que será muita fruta para levar. É boa fruta e não provoca diarreia mental como o Banana Show.
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