sexta-feira, 14 de maio de 2010

O PAPAVÃO JÁ FOI - MILHÕES PARA DEIXAR “MENSAGEM DE ESPERANÇA”

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Foto em Diário de Notícias

ESTAMOS A ANDAR PARA TRÁS, NÃO ESTAMOS? E A TSF?

O café da Porcalhota estava cheio de clientes, era hora de almoço. Os trabalhadores das obras ali ao lado rematavam a parca comida almoçada com uma “bica escaldada”. A televisão dava a novela da semana, o Papa. Estava ele preso na montra móvel e uns quantos a acenarem, com lenços, xailes, fraldas descartáveis, fronhas de almofada, bandeirinhas e mais o que viesse à mão, a própria mão. O Papa estava em todos os canais de televisão. O Papa esteve em todos os canais de televisão. O Papa esteve em todas as estações de rádio, quase a toda a hora. E quando não estava… falavam do Papa. Foi uma semana Papal. Uma seca vergonhosa. Uma lavagem cerebral em que até a TSF alinhou. Uma operação de "limpeza" descarada. Uma saturação. Um impingir Papa e igreja conspurcada mas que querem lavar a qualquer preço. A até a TSF alinhou, um pouco diferente das outras estações de rádio… ainda. Mas alinhou. Saturou, mostrou estar diferente para pior. Preocupada no politicamente correcto em vez de seguir a linha a que nos tinha acostumado - fazer-nos pensar - e que lhe está no ADN, queiram ou não. Abandalhem-na ou não. E eu a julgar que se quizesse saber sobre subserviências à igreja, ao politicamente correcto, tinha de ir à Rádio Renascença, à Antena Um, RDP, enfim, aos montes de ondas hertezianas lambe-cus, sem coluna vertebral. Parece que também os profissionais da TSF estão a perdê-la. Estão a ficar paraplégicos. Que se passa na TSF? Tanto Papa?

E lá foi ele, depois de botar faladura no Porto e de estar cá por três ou quatro dias. Já nem sei. Por mim foi uma eternidade. Não por ele, mas sim pela operação, pelo lixo informativo que despejaram sobre nós, a maioria que se esteve borrifando para a vinda do Papa e que viu os milhões que se gastaram ou que não se produziram, graças à operação de limpapapa.

E lá andaram os Cavacos, ela e ele. Cavaco Silva com um ar de enfado de todo o tamanho, já nem disfarçava. E os ministros, e as bandas, e os militares, e os helicópteros, aviões e automóveis, e os profissionais de segurança, e os, e os, e as, e as… Milhões de euros, muitos milhões. Crise? Não pareceu nada!

E na televisão lá estava ele, o Papa, já dentro do avião, à espera na pista, porque caíra uma bandeira do Vaticano. Pois é, o Vaticano está a cair aos bocados. E o avião à espera… da bandeira, que um carro de apoio do aeroporto Sá Carneiro acabou por levar e entregar aos pilotos pela janela do avião. Avião não, Papavão. Isto, para usar um termo que ouvi no tal café, entre bicas escaldadas. Justificava a velhota Adelaide, que usara o termo: “Então, se o andarilho com rodas e vidros é Papamóvel este, que voa, é Papavão”, e apontava para o avião papal. Ora papem lá esta!

O avião subiu, no céu, rumo a Roma, e lá foi, vai, por umas horas, mais perto de Deus. Pode ser que Ele aproveite a oportunidade para puxar as orelhas ao Papa. Cá se fazem cá se pagam – paganismo.

“Ufa! Já lá vai!” Disse a Ti Adelaide. “Deste já nos livrámos!” Isso é o que ela pensa, mas não é verdade.

E os profissionais da RTP, Carlos Daniel e a outra? Estes, há pouco no Porto. No pouco que vi até me pareceu que estava a assistir à visita de Paulo VI, que eu remoçara, que até via o Seixas da PIDE por ali nas tribunas, a guardar o Papa. Calmeirão e ruivo, e sardento, e mau. O Seixas, conhecido por Carrasco do Tarrafal. Estamos a andar para trás, não estamos? Será esta a esperança que o Papa retrógrado deixou? Foi isso que veneraram e que custou tantos milhões a este país depauperado?
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