terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PS E PSD, SÓCRATES E CAVACO QUE LIMPEM A PROSA AOS FOCINHOS!

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Dá tristeza e repugnância continuar a suportar a elite política que se alapou ao poder de há cerca de 25 anos a esta parte. Cavaco Silva e o PSD têm sido um dos maiores desastres para Portugal. Foi com ele que durante dez anos nos governos vimos ladrões e barões ascenderem a boas vidas com que nem sonhavam.

Os milhões vindos da então CEE garantiram essas boas vidas e de como foi possível os saques bandidos ficamos sem saber porque tudo foi devidamente diluído pelos sucessores do PS que continuaram a fazer o mesmo. Por parte da Justiça nada se pode esperar. Ela está tomada por interesses políticos inconfessáveis. Foi assim que solidificaram a triste realidade de Sempre Impunes os Mesmos no Poder, PSD e PS, esporadicamente lá foi o CDS petiscar algumas migalhas, presume-se.

Tristeza e repugnância é lermos o que está escarrapachado em África 21 e que é verdade. E é uma ínfima parte da verdade. A qualquer português que se preze custa bastante ler o que consta no artigo publicado a seguir, ainda mais por conter verdades. Muito se poderia dizer para além do que o autor, Alfredo Prado, expressa em África 21, mas já quase não vale a pena usar a memória porque ainda no presente os métodos são os mesmos e a testemunhá-lo temos sofreguidão do PSD de Passos Coelho e de Cavaco Silva no uso de métodos sinuosos e impiedosos para ocuparem as cadeiras do poder já nas próximas eleições presidências e seguintes, as legislativas. Sendo tomado por certo que serão eles os vencedores. Podemos emigrar porque Cavaco e Coelho com total sem parcimónia vão atingir o que há muito desejam: um governo, um presidente, um país.

Sem se importarem pelos erros cometidos e os saques feitos às verbas da CEE uma vez mais vamos assistir ao funeral do país porque nem dá para imaginar que os portugueses sejam capazes de equacionar sobre as enormes responsabilidades do PS e do PSD, de Cavaco igualmente, e que eleitoralmente lhes façam o manguito. Uma vez mais Portugal vai votar e por a cabeça no cepo. É o costume. Fica patente a vergonha que é este país por via dos seus lideres da alternância. Vergonha descrita em África 21 e que dá para que os responsáveis pelo triste estado da nação lusa limpem os focinhos ao texto que vem a seguir. Afinal tem sido obra sua.

QUEM ENGANOU SÓCRATES?

Resta assim saber quem induziu Sócrates a mandar Teixeira dos Santos cruzar o Atlântico para ouvir um “não”.

ALFREDO PRADO – ÁFRICA 21 - 13 dezembro 2010

Depois de Brasília, chegou a vez de Pequim. O ministro português das Finanças, Teixeira do Santos, desembarcou domingo na capital chinesa figurativamente de chapéu na mão, suponho, não em razão de qualquer condicionante atmosférico, mas por que a situação do país é grave e todas as mesuras são poucas.

O responsável pelas finanças lusas saiu do avião com o objectivo patriótico de garantir que os amigos chineses comprem uma boa parte da dívida pública nacional, acumulada ao longo dos anos por governos perdulários e inebriados por um ambiente de novo-riquismo que se instalou no país, quando alguém declarou que, finalmente, Portugal tinha entrado (!) para a Europa.

Essa euforia, que deu a Portugal uma boa rede de estradas e saneamento para todos, gerou também uma elite que se alterna no poder e movimenta trocas milionárias de favores, como é percebido pela maioria dos portugueses, segundo recente relatório da Transparência Internacional.

Da embriaguez da prolongada festa, dos carros de luxo, das obras opulentas como a sede do banco estatal Caixa Geral de Depósitos, do clientelismo político, das ramificações da corrupção que se instalou em praticamente todos os órgãos do Estado, como declarou recentemente ao jornal Público a magistrada Maria José Morgado, directora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), resulta, agora, uma ressaca que atirou com mais de meio milhão de pessoas para o desemprego e lançou milhares de famílias na pobreza.

O presidente de Portugal, candidato à sua própria sucessão, disse, no final da semana, que os portugueses deveriam ter vergonha de tanta pobreza. Cavaco Silva tem a seu favor, honra lhe seja feita, a virtude de ser um homem probo. Não lhe é conhecido enriquecimento ilícito nem envolvimento em conspirações de corrupção. No entanto, o presidente da República, ao colectivizar a responsabilidade pela pobreza, parece querer transformar a nação em dez milhões de otários.

O aumento exponencial da pobreza em Portugal não é responsabilidade colectiva dos portugueses. O crescimento acelerado do empobrecimento de largos sectores da sociedade portuguesa é da responsabilidade, sim, de alguns portugueses. E o professor Cavaco Silva, como professor de economia de reconhecido mérito, sabe que não pode se pode alijar dessa responsabilidade. Como primeiro-ministro que já foi ou na qualidade de presidente da República que o é, Cavaco Silva tem naturalmente a sua quota parte de responsabilidade na definição de políticas públicas que empurraram o país para o endividamento.

Agora, de chapéu na mão, Teixeira dos Santos pede a Pequim que se torne sócio fundador do clube dos credores de Portugal. Um pedido formulado três dias depois de idêntica proposta ter sido lançada na Esplanada dos Ministérios, na capital brasileira, a um Guido Mantega céptico e aparentemente desinteressado das agruras por que passam os irmãos lusitanos.

Mas, enquanto Teixeira dos Santos chega a Pequim com a confiança advinda de anteriores declarações dos dirigentes chineses, dispostos a entrar nas salas do tesouro de países em maus lençóis, as declarações do ministro brasileiro da Fazenda a propósito do pedido feito pelo governo português deixam perceber que, pelo menos no momento, o Brasil não está interessado em fazer parte desse clube.

Resta assim saber quem induziu Sócrates a mandar Teixeira dos Santos cruzar o Atlântico para ouvir um “não”. Um delicado “não”, certamente, mas que nem por isso deixa de ser um “não”. Afinal, há fraternas amizades que, em horas de apuros, mais não são que figuras de retórica. Quem enganou Sócrates?
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