A campanha eleitoral já começou. Começou no dia da tomada de posse do PR Cavaco Silva com o seu discurso calculado e foi confirmada por Passos Coelho e pela decisão de José Sócrates ao demitir-se no momento certo e em que ainda pode disputar os poderes tão almejados pelo PS, por Cavaco, pelo PSD, por Coelho e por Portas.
Não foi por acaso que somente um quinto dos portugueses eleitores votou Cavaco Silva e também se esteve borrifando para os restantes candidatos. É “tudo farinha do mesmo saco”, diz e sabe quem tem sido vítima daquela corja de falsários. Por isso, quase 55 por cento dos eleitores nem compareceu nas urnas de voto e cerca de 10 porcento votaram nulo ou em branco – o que dá no mesmo.
Conclui-se destes números que só cerca de 35 por cento dos portugueses eleitores deram aval à corja que se tem mantido à força nos poderes, deduz-se que esses sejam os portugueses que estão mais bem instalados na vida ou então alguns distraídos ou mentecaptos que vão nas loas de que votar é um dever cívico… Seria um dever cívico se os candidatos nos interessassem e os soubéssemos honestos, se os candidatos representassem interesse para o país. Como sabemos à partida que não é o caso, antes pelo contrário, o dever cívico é rejeitar os candidatos que se propõem. Queremos mudança. Estamos fartos de ser roubados por uma corja de políticos que só olham para os seus umbigos, das suas famílias e comparsas que lhes ofereçam vantagens. Esse é o sentimento dos portugueses que maioritariamente não votam, votam nulo ou em branco, deixam “mensagens” nos boletins de voto a chamar-lhes nomes muito feios que incluem as suas mães (coitadas), sendo que “ladrões” é um dos epítetos mais benevolentes. Porque fazem os portugueses tal “desfeita” aos políticos que concorrem às eleições?
Os motivos estão afetos aos comportamentos de uma classe que não merece o menor crédito e que teima em não ser renovada, querendo enganar-nos ao fazer avançar candidatos “novos” fabricados por eles próprios, os autores e condutores da situação penosa a que chegámos. Os que se iniciaram na política aproveitando a instauração da democracia em Abril de 1974 não largam o “osso” e mesmo já velhadas instalaram-se como eminências pardas nos gabinetes dos partidos políticos, nos gabinetes dos governos e da Assembleia da República, nas sombras dos poderes de decisão. Quase 40 anos volvidos, eles lá estão, apesar de terem caído de pára-quedas a saudar o 25 de Abril libertador, quando sabemos que eram abnegados ou consentâneos servidores do sistema ditatorial salazarista. Nestes anos, quase 40, o que têm feito é acumular riqueza e mordomias que são pagas por todos os portugueses, desde os mais desafogados financeiramente aos que nada têm e por via deles têm muito mais miséria – provavelmente nunca nada terão nada de seu. Encontramos nesse caso Almeida Santos, do PS. Só um exemplo, mas são muitos mais profissionais da política que têm toda a responsabilidade pelo estado de miséria a que chegámos, Cavaco Silva incluído – e de que maneira!
Principalmente o PS, o PSD e o CDS, que têm partilhado os poderes, guardam nas suas fileiras toda a responsabilidade do fracasso da Nação. Bem podemos esforçar-nos e trabalhar que nem mouros que o resultado é sempre o mesmo: a miséria senta-se à mesa e deita-se na enxerga connosco, passeando-se ao nosso lado por onde quer que andemos.
Cerca de 70 por cento dos portugueses estão à rasca. 20 por cento já a experimentar fome e a caminho do desabrigo. São várias gerações. Muitos nem sequer querem reconhecer a realidade das suas depauperantes situações e enveredam pelos caminhos do “salve-se quem puder”, que só beneficia, eventual e temporariamente, os que escolhem esses caminhos, mas principalmente estes políticos falsários, parasitas oportunistas que julgam que em terra de cego quem tem olho é rei. E lá vão roubando-nos a cidadania, a dignidade, a democracia, a justiça, sorvendo até ao tutano, insensivelmente, o que nos resta, a própria miséria. São piores que abutres, já que esses deixam ficar os ossos depois de os descarnarem metodicamente.
São esses mesmos, esses piores-que-abutres, ainda visíveis ou já nas “sombras” dos poderes, que se mantêm a concorrer a mais estas eleições legislativas que se vão realizar em 5 de Junho. Aparentemente apresentam mudanças, caras supostamente novas. É o caso de Passos Coelho, no PSD. Um filho-querido-da-vitória, de Cavaco e dos barões laranjas e quejandos, um fabricado na JSD, que até agora não disse concretamente o que propõe para “salvar” o país. Nem o fará com honestidade quando da apresentação do programa eleitoral que prometeu apresentar até princípios de Maio. E não o faz porque a sua proposta será igual à do PS, mais coisa menos coisa. Mesmo que diga que despojará o Estado dos inúmeros boys e girls despesistas, agora do PS – menos Estado, menor despesa – o certo é que vai ter de colocar lá os boys e girls do PSD que já se perfilam na sede da Lapa e noutras sedes do partido, tal qual hienas que já cheiram a carniça. E tudo volta ao mesmo. Se é o PS ou o PSD, ou o CDS, ou outro qualquer, pouco nos importa. Passos Coelho é um produto fabricado e contaminado por tudo aquilo que já conhecemos e de que já fomos e estamos a ser vítimas. Queremos mudar. Os portugueses têm de se lembrar que precisamos de mudar e salvar Portugal deste exército de malfadados políticos que se organizaram à laia de máfia e que não nos deixam de sugar, provavelmente até à aniquilação.
Sem escrúpulos eles voltam a calcorrear os caminhos das campanhas eleitorais, sem dizerem nada de novo mas pretendendo que o dizem. Nem serão novas as mentiras que têm constantes nas campanhas eleitorais e que não faltarão nestas. De Belém a São Bento, da Lapa PSD ao Rato do PS, os mesmos aldrabões de sempre andam por aí, até quando?
Uma percentagem tão enorme de portugueses que não votaram significa que pretendemos uma mudança radical dos políticos e das políticas nacionais. Só que eles, agarrados aos poderes como têm estado, fazem que não entendem. É imoral que um indivíduo como Cavaco Silva se escude na legalidade legislada por os da sua “espécie” para fazer vingar e exercer a presidência da república sabendo que foi eleito por somente um quinto dos eleitores. Para a maioria dos portugueses a sua representatividade de facto está em questão.
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