quarta-feira, 8 de junho de 2011

FANTASMA DO CARRASCO PIDE-FASCISTA SILVA PAIS AINDA MEXE


Silva Pais, condecorações do regime ao serviço das atrocidades

E eu que pensava que em Portugal já não havia quem tivesse dúvidas sobre a condenação dos carrascos da PIDE-DGS, a polícia política de Salazar-Caetano, escórias diplomadas dos tempos negros da ditadura. Enganei-me.

Sobrinhos do carrasco e conluiado em torturas e assassínios, Silva Pais, processaram e acusam dos crimes de "ofensa à memória de pessoas falecidas" e de difamação, reclamando ainda uma indemnização de 30 000 euros, intervenientes de autoria e exibição da peça de teatro “Filha Rebelde”, em que Silva Pais é mostrado em conformidade com as prerrogativas dos autores – que até enfermaram de uma certa brandura, em opinião de muitos que viram a peça.

Não deixa de ser surpreendente que pessoas praticamente vividas na maior parte do tempo de suas vidas no Portugal livre e democrático se sintam ofendidos por numa peça de teatro serem retratados aspetos ficcionados ou não de uma figura tão sombria e desumana como Silva Pais, major cobardola que nem os pés pôs na guerra colonial, apesar daquela ter acontecido por treze anos.

Frente ao espelho medito se acaso fosse sobrinho de tal ave de rapina das liberdades e de muitas vidas de portugueses não sentiria vergonha, ao contrário destes sobrinhos tão dedicados à triste memória do jagunço-chefe de Salazar. É caso para ter vergonha e não fazer floreados, armar em vítimas, em pudicos, munidos de aparente indignação, por os portugueses guardarem memórias tão negras do malvado sujeito. Já faleceu. Pois que nem descanse em paz!

O processo vai continuar e daqui veremos o que sai. Nada me admira que o juiz ou juízes se decidam por acederem às pretensões dos sobrinhos sem vergonha, como demonstram. Talvez de acordo com as suas vontades também os juízes optem por abrir precedente num cerrado ataque à democracia e à liberdade de criação artística, à liberdade de nos expressarmos sobre a verdade acerca de verdadeiros abutres fascistas como Silva Pais e muitos outros escórias que ele chefiava com pulso de ferro e que louvava, protegia, promovia e condecorava pelos “bons serviços” prestados ao salazarismo. Os “bons serviços” incluíam prisão, torturas e mortes. Recordo o caso do Cenoura, o Ruivo, o Seixas, carrasco do Tarrafal que quando regressou logo se foi vendo acarinhado pelos serviços do carrasco-mor Silva Pais, promovido a inspetor-chefe-dos-inspetores, que foi onde o 25 de Abril de 1974 o veio encontrar. Um repelente sub-humano a transbordar de maldade e servilismo à ditadura repressiva e assassina.

Isto vai “bonito”, vai. Ai, vai, vai. Mas tem uma utilidade: volta-se a falar de Silva Pais, um enorme carrasco dos portugueses que dele guardam memórias terrificas por via daquilo que a sua polícia política sempre representou em Portugal, medo, terror.

Defender a memória do chefe-mor de uma “coisa” assim… Eu? Que vergonha! Que exageros!

Compete à comunicação social fazer “saltar” cá para fora a verdade sobre a PIDE-DGS, sobre os imensos Silvas Pais assassinos e torturadores que atormentaram vá rias gerações de portugueses que afinal só queriam liberdade, justiça e democracia no país. Em baixo seguem três extratos sobre o assunto. Muitos mais existem e muitos mais vão existir. É assunto para dar que falar. E as vítimas de Silva Pais e de muitos outros PIDEs que falem. É imperioso. Porque estes sobrinhos ou não sabem quem era o tio ou então há ali um problema genético – coisa em que não acredito.

DA LUSA E DOS JORNAIS 

Sobre: Familiares do carrasco de imensos portugueses, o diretor da PIDE-DGS, Silva Pais, processaram responsáveis pela arte teatral nacional por causa da peça “Filha Rebelde”

Julgamento do "Filha Rebelde"
pode abrir "precedente gravíssimo na democracia" - Frederico Delgado Rosa

De Cláudia Páscoa (LUSA)

Lisboa, 08 jun (Lusa) -- O investigador Frederico Delgado Rosa considera que o julgamento de dois ex-diretores do Teatro Nacional D. Maria II e da autora da peça "A Filha Rebelde pode abrir um "precedente gravíssimo na democracia portuguesa".

"Este julgamento é uma tentativa de abrir um precedente gravíssimo na democracia portuguesa, porque mais ninguém, senão eles, têm o direito de interpretar as fontes, reinterpretar, reescrever a história", sustentou Frederico Delgado Rosa.

O investigador, neto do general Humberto Delgado, falava à agência Lusa a propósito do julgamento de Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira (ex-diretores do D. Maria II) e da autora da peça "A Filha Rebelde", Margarida Fonseca Santos, que são arguidos num processo interposto pelos sobrinhos do último diretor da PIDE, Silva Pais, que os acusam dos crimes de "ofensa à memória de pessoas falecidas" e de difamação, reclamando ainda uma indemnização de 30 000 euros.

Julgamento da "Filha Rebelde" é uma "farsa autêntica" - Iva Delgado

Lisboa, 08 jun (Lusa) - Uma "farsa autêntica", sem "cabimento nenhum", é como Iva Delgado, filha do general Humberto Delgado, classifica o julgamento da peça de teatro "A filha rebelde", sobre a história da filha do último diretor da PIDE, Silva Pais.

Em declarações à agência Lusa, Iva Delgado manifestou-se "abismada" pelo facto de familiares de Silva Pais terem levado a tribunal os autores do texto e da peça de teatro.

"Estamos em democracia e as pessoas podem manifestar a sua opinião sobre figuras históricas. Imagine o que seria agora todos os descendentes de figuras históricas porem processos aos historiadores, aos jornalistas, a todos os que escreveram ou têm opiniao sobre. Seria a inversão de valores mais extraordinária da história do século XX. É impensável", afirmou.

Em causa está uma peça de teatro estreada no Teatro D. Maria II, em 2007, e que conta a história de Annie Silva Pais, filha do antigo diretor da PIDE, Silva Pais.

Julgamento da autora da peça “A Filha Rebelde” e de 2 ex-directores do D. Maria II

ESQUERDA NET

Esta terça feira tem início o julgamento de Margarida Fonseca Santos (autora), Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira (ex-directores do Nacional D. Maria II) acusados dos crimes de difamação e ofensa à memória de pessoa falecida, pelos sobrinhos do antigo director da PIDE Silva Pais.

A peça foi uma adaptação do livro “A Filha Rebelde” de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz, sobre a filha do antigo director da PIDE Silva Pais, e teve encenação de Helena Pimenta.

Os sobrinhos de Silva Pais alegam que na peça foi insinuado que o ex-director da polícia política foi um dos responsáveis pelo assassinato de Humberto Delgado, o que consideram difamatório e ofensivo da memória do tio e baseiam a queixa no facto de o tio não ter sido condenado.

No entanto, segundo noticiou o “Sol” em 23 de Fevereiro passado, “Silva Pais não chegou a ser sentenciado no processo do assassínio de Humberto Delgado por ter morrido seis meses antes de terminar o processo no Tribunal Militar de Lisboa em que o Promotor Público o tinha acusado de co-autoria moral do crime”.

O Ministério Público (MP) demarcou-se do processo, não acompanhando a acusação.

Sobre este julgamento, a autora da peça, Margarida Fonseca Santos, escreveu estas palavras:

“Conquistámos, no 25 de Abril, a liberdade de expressão, que está agora posta em causa. Mas, mais grave ainda, esta é uma tentativa de branquear a imagem daquele que foi o responsável máximo da PIDE - a polícia política que perseguiu, torturou e matou muitos opositores ao regime, entre eles o General Humberto Delgado”.

O julgamento é nesta terça feira, 3 de Maio, pelas 9h15 em Lisboa, no 2º Juízo Criminal, 3ª Secção, Avenida D. João II, 10801 - Edifício B. Parque das Nações.

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